Odontologia em Oncologia
A população com tumores na região de cabeça e pescoço possui uma forte aliada durante o tratamento contra o câncer: a terapia com laser de baixa intensidade, que tem sido utilizada com evidências científicas para prevenir e tratar a mucosite oral induzida por radioterapia.
A mucosite oral, caracterizada por úlceras dolorosas e coalescentes, é um dos efeitos adversos mais frequentes da radioterapia na região de cabeça e pescoço, podendo ocorrer em 98% a 100% dos casos.
Os estudos mostram que a terapia com laser de baixa intensidade reduz a incidência, a duração das lesões e a sintomatologia dolorosa. Consequentemente, o paciente conseguirá se alimentar, haverá ganho de peso, redução de uso de analgésicos opióides e redução do uso de nutrição parenteral.
O laser não terá o resultado esperado se não for estabelecido um protocolo de higiene oral, pois a radioterapia promove formação de biofilme e maior aderência de bactérias no material restaurador. O risco de cárie aumenta quando este biofilme é associado com a redução da quantidade e qualidade da saliva e com a dificuldade de higienização, muito frequentes durante as semanas de tratamento.
A sensação dolorosa das úlceras pode aumentar em decorrência da redução de fluxo salivar. A hiposalivação ou hiposialia ocorre devido à idade dos pacientes, geralmente 5ª a 6ª décadas de vida, devido à doenças sistêmicas e medicações, e também em decorrência das alterações provocadas pela radiação nas glândulas salivares.
Embora a redução do fluxo salivar seja um fator de risco independente para o desenvolvimento da mucosite oral, o desconforto nas regiões ulceradas relatado pelos pacientes é maior quando a sensação de boca seca é mais forte.
Existem diferentes protocolos de utilização do laser, assim como existem vários modelos de aparelhos que emitem laser.
Não há consenso internacional sobre uma dose correta, entretanto a Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC/ISOO) sugere o comprimento de onda em torno de 632.8 nm para pacientes em radioterapia na região de cabeça e pescoço, com forte evidência de efetividade.
A experiência no Rio Grande do Norte com o laser diodo InGaAlP (660 a 690 nm) tem excelentes resultados clínicos tanto na prevenção como no tratamento da mucosite oral induzida por quimioterapia e radioterapia, em todas as faixas etárias.
José Endrigo Tinoco Araujo
Professor da Universidade Potiguar
Mestre em Estomatologia pela FOB-USP
Membro Titular do Colégio Brasileiro de Odontologia Hospitalar e Intensiva