Prótese laboratorial: os pioneiros no RN
Conheça um pouco da história da Prótese Laboratorial no Rio Grande do Norte neste artigo escrito pelo cirurgião-dentista Givaldo Soares, especialista em Prótese Dentária, que tem a inscrição de RN-CD-204.
Colaborador assíduo do site do CRO-RN, o doutor Givaldo, antes de se formar em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1967, deixou sua cidade de Lagoa dos Gatos, em Pernambuco, em 1955, para vir para Natal para trabalhar com prótese, a convite do seu conterrâneo e amigo Nelson João da Silva.
Givaldo relata em seu artigo que Nelson chegou a capital potiguar em 1951 para trabalhar com aprendiz no Laboratório Galvão, dos pioneiros irmãos protéticos Abbott Galvão.
E também relata sua visita aos novos protéticos no Labotório Técnico de Natal e a posse da nova diretoria da APDERN.
OS PROTÉTICOS PIONEIROS NO RIO GRANDE DO NORTE
A Prótese de Laboratório teve um início muito promissor em Natal na década de 40, mesmo antes do funcionamento da nossa Faculdade de Odontologia, que teve início em 1949 com a conclusão da 1ª turma, em 1951.
Já nessa época, os irmãos gêmeos João Frederico Abbott Galvão e Luís Carlos Abbott Galvão instalaram o 1º laboratório comercial de Prótese Dentária, em 1947.
Na sequência da foto: João, Solon, Luís Carlos (em pé), Fernando e Clemente
Eles eram filhos do Cirurgião Dentista Solon de Miranda Galvão e irmãos dos Dentistas Clemente Galvão Neto e Solon Galvão Filho.
O Dr. Solon de Miranda Galvão foi o 1º Dentista a exercer a profissão odontológica em Natal, em 1910, juntamente com o Cirurgião Dentista Clidenor Lago.
Dr. Solon e sua Esposa, Dª Heloísa Galvão
Os irmãos Abbot foram os pioneiros na Prótese Laboratorial no Rio Grande do Norte.
Foi nesse laboratório que Severino Nunes veio do Recife para trabalhar, a convite do Protético João Frederico Abbott Galvão, em 1948. Nunes trabalhava em Recife com Suetônio Chagas.
Uma curiosidade: o pernambucano Severino Nunes chegou a Natal num avião Catalina, que pousou no Rio Potengi - essa imagem ele nunca esqueceu...
O pernambucano Severino Nunes
Severino trabalhou apenas três anos no Laboratório Galvão. Logo montou sua própria estrutura comercial. Evoluiu, e foi concessionário da Micromium e daVitalium, transformando-se numa das maiores estruturas do Nordeste.
No seu Laboratório ele criou a Escolinha de Sagres, onde treinava protéticos, alguns ligados à sua família e outros amigos. Formou mais de 50 Técnicos.
Uma outra figura da Prótese Laboratorial é Nelson João Silva, que chegou para trabalhar no Laboratório Galvão, em 1951. Ele veio de Lagoa dos Gatos/PE, com pouca experiência em Prótese, mas evoluiu e chegou a Gerente do Laboratório.
Nelson João com Givaldo Soares, de Lagoa dos Gatos para Natal
Tomando gosto pela área odontológica, Nelson depois fez vestibular para Odontologia, tendo concluído seu curso na década de 60. Depois se tornou Professor Assistente de Prótese Dentária na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Foi Nelson o responsável pela minha vinda e de José Braulino para trabalhar no mesmo Laboratório.
Agora no próximo dia 15 de março, nas comemorações dos 30 anos da Academia Norte-Rio-Grandense de Odontologia, o meu amigo Nelson será homenageado como sócio honorário desta instituição pelos seus relevantes trabalhos em prol da odontologia potiguar.
Esse artigo sobre a Prótese Laboratorial resolvi escrever em função de uma visita que fiz há dois meses ao Laboratório Técnico Natal, de propriedade de Dário Nunes, filho do citado amigo Severino Nunes.
Dário Nunes, filho de Severino
Confesso que me surpreendi com as instalações, principalmente com a Prótese Digital, hoje, uma realidade, mostrando o quanto as novas tecnologias vieram para melhorar esta área da odontologia.
Conheci Dário ainda menino, quando ele saiu de Natal para fazer um estágio com o grande Dentista João Rodrigues Filho, no Rio de Janeiro.
Cirurgião-dentista João Rodrigues
Muito me emocionei quando fui surpreendido com um convite de toda equipe para uma fotografia. Voltei ao passado, uma viagem ao túnel do tempo, e me vi ainda jovem trabalhando com prótese. Aos 82 anos, talvez eu seja o protético mais velho em atividade de Natal.
O doutor Givaldo com a nova geração de protéticos
Um outro fator a considerar na evolução da Prótese do Rio Grande do Norte foi a chegada do navio americano Hope em nossa cidade, em 1972.
Foi firmado um convênio entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e sua equipe, que se comprometeu a ministrar um curso para Técnicos em Prótese Dentária. O Corpo Docente era de bom nível. Fizeram uma seleção rigorosa, com a participação de 18 alunos.
O navio Hospital Hope ficou 10 meses em Natal em 1972
O curso foi de alto nível e de muito proveito para a Prótese do nosso Estado, pois alguns alunos, motivados pela grande oportunidade de estudar com profissionais vindos dos Estados Unidos no navio Hoppe, resolveram seguir a carreira odontológica, como Valdir Cardoso, Mário Galvão e Walter Saldanha.
Cirurgião-dentista Valdir Cardoso
Cirurgião-dentista Mário Galvão
Além desses três citados, concluíram o curso os seguintes protéticos: Anchieta; Augusto; Cândido; Darci; Expedito; Ferreira; João Silvestre; José Lopes; José Pequeno; Maria José; Medeiros; Walter Luiz e Luiz Celeste. Telmo Alves conclui o curso de Protético e não o de Odontologia.
Telmo Alves não concluiu o curso de Odontologia na UFRN
Complementando esta abordagem histórica, não posso esquecer o brilhante trabalho desenvolvido pelo professor doutor Rosalvo Pinheiro Galvão, na direção da Disciplina de Prótese Dentária da UFRN.
Rosalvo dedicou a sua vida a essa Especialidade, à Família e aos amigos. Era um cidadão de grande valor! Hoje, podemos também citar como positiva a criação do curso para Técnicos em Prótese Dentária pela ABO-RN (Associação Brasileira de Odontologia, seção Rio Grande do Norte).
Da esquerda para a direita, os cirurgiões-dentistas Antônio Pípolo, Clesito Fechine, Rosalvo Pinheiro Galvão, Kroughpolse, o Dinamarquês, Nelson João, Sólon Galvão e Murilo Pinto.
Na atualidade, o Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte registra 44 laboratórios de Próteses e 169 Técnicos em Próteses, os TPDs, além de uma centena de Auxiliares, os APDs, enquanto nós cirurgiões-dentistas já somamos mais de 4 mil em todo o Estado.
Uma esperança para a categoria foi a eleição e a posterior posse danova Diretoria daAPDERN (Associação dos Protéticos Dentários do Estado do Rio Grande do Norte) realizada no CRO-RN em 11 de janeiro deste ano, sob a presidência da Técnica em Prótese Dentária, Erileuza Pereira da Silva, que tem novos projetos sociais, culturais e científicos para os Protéticos, que precisam apoiá-la.
Posse da nova diretoria da APDERN em janeiro de 2019
Finalizando, fico feliz em ver a evolução da Prótese Dentária no Rio Grande do Norte, lembrando que não podemos esquecer nunca dos pioneiros que plantaram as primeiras sementes dessa importante área da odontologia em solo potiguar.
Texto: Gilvado Soares, cirurgião-dentista