O Centro de Referências Odontológicas Morton Mariz, na Ribeira, que tem plantão 24 horas,  foi assaltado na noite de domingo de Carnaval, quando dois assaltantes fantasiados dominaram dois vigilantes que estavam na área externa da unidade e pediram armas. O assalto aconteceu por volta das 21horas, quando haviam seis pessoas no plantão da noite.

Como os vigilantes não usavam armas, os assaltantes levaram dois celulares e um relógio, fugindo numa moto Traxx de cor vermelha. Eles não chegaram a entrar na parte interna da unidade. A ação foi rápida e os marginais fugiram em seguida.

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Mas a única dentista de plantão e duas auxiliares de saúde bucal que estavam no setor de atendimento, quando foram avisadas do assalto, correram para os fundos, buscando refugio no setor de Esterilização e na sala de Repouso. A dentista e sua auxiliar se esconderam atrás da autoclave. Já a outra ASB correu para debaixo da cama.

ASSALTANTES A PROCURA DE ARMAS DOS GUARDAS

Segundo a recepcionista do horário, que estava sentada num banco na área externa da unidade conversando com os guardas, os assaltantes já chegaram violentos. Ela relata que um deles tentou agredir o segurança, desferindo um tapa que pegou de raspão no seu rosto, jogando o óculos da vítima no chão.

“Eles foram extremamente agressivos com um dos seguranças, pedindo a arma, insistindo que os rapazes estavam armados, quando nenhum estava armado”, conta a servidora, com mais de 20 anos de trabalho.

Ela relata que aproveitou o momento que os assaltantes foram para cima dos vigilantes, um deles da guarda patrimonial e outro de uma empresa terceirizada, para se esconder atrás de um veículo no estacionamento lateral da unidade.

“Eu aproveitei o momento que os assaltantes pediam as armas para os vigilantes para sair correndo. Passei entre os dois assaltantes, depois os meninos acharam que eu fui corajosa de mais, mas foi instintivo, eu não imaginei o tamanho do risco, do perigo que eu passei”, conta a recepcionista.

Segundo ela, depois de correr para fora da unidade, se escondeu atrás de uns carros estacionados na lateral do Morton Mariz, onde ficou alguns minutos e ainda viu os assaltantes fugirem numa moto em direção à praia.

FANTASIA DE CARNAVAL

A recepcionista do Morton Mariz conta que os dois homens estavam fantasiados, o mais alto com uma peruca e uma máscara branca. Do segundo assaltante ela não lembra a fantasia.

Ela conta ainda que no momento que os assaltantes chegaram não havia nenhum usuário esperando para ser atendido, enquanto a dentista do plantão ainda estava na sua sala, pois tinha  acabado de fazer um procedimento e o paciente já havia saído.

A auxiliar da dentista que estava no plantão no domingo à noite conta que estava indo para a recepção para ver se tinha mais pacientes quando viu outra colega correr para o setor de Repouso dos funcionários, gritando que tinha assaltantes invadindo o Morton Mariz.

“Eu e a dentistas corremos para o setor de Esterilização e se escondemos atrás da autoclave (aparelho de esterilizar os instrumentos usados no atendimento)”, relata a ASB. Segundo ela, se fosse grande o suficiente a entrada da autoclave, “eu teria me escondido dentro dele”.

A cirurgiã-dentista tentou chamar a Policia Militar pelo celular, mas não conseguiu fazer contato.

Segundo relato da ASB, foi um guarda de trânsito da STTU que estava nas imediações da avenida Duque de Caxias, onde acontecia o desfile das escolas de samba, que acionou a PM por meio de rádio. Mas quando os policiais chegaram ao Morton Mariz, os dois assaltantes já haviam se evadido do local.

DE VOLTA AO PLANTÃO AINDA ABALADA

Voltando ao plantão na terça-feira, 28, depois de dois dias do assalto, a recepcionista conta que ainda está abalada com o episódio de domingo. “A gente fica assombrada, eu estou até com um edema, não sei se foi o emocional, estou com o braço roxo, não sei se foi pancada, na hora a adrenalina chega a mil,”, diz ela.

“É difícil conviver com esta violência, a gente aqui é muito vulnerável”, afirma a recepcionista.

“A gente fica assombrada, é desagradável, este filme fica passando toda hora. Agora quem chega você fica naquela tensão, não é nada agradável, é desgastante”, afirma a recepcionista.

A ASB que se escondeu debaixo da cama acha que a secretaria de Saúde de Natal deveria enviar uma psicóloga para conversar com os plantonistas do turno do assalto de domingo.

Alguns servidores do Morton Mariz ouvidos acham que o monitoramento por câmeras na unidade ajudaria inibir a ação dos marginais.

O presidente do CRO-RN, Gláucio de Morais e Silva, ao tomar conhecimento do assalto, informou que pretende enviar ofício à Secretaria Municipal de Saúde para que tome algumas providencias no sentido de aumentar a segurança para os dentistas, auxiliares e demais servidores que atuam no Morton Mariz, o maior pronto socorro odontológico do Rio Grande do Norte.

“A colocação de um sistema de monitoramento com câmeras de vídeo na unidade poderia ser estudada, acho que inibiria a ação dos marginais, que pensariam duas vezes antes de um ataque”, afirma o presidente do Conselho.

Segundo ele, por inúmeras vezes o CRO-RN enviou ofícios à secretaria Municipal de Saúde de Natal alertando para a insegurança em unidades de saúde.