O Dia 25 de outubro é dedicado às comemorações pela passagem do Dia do Dentista Brasileiro, numa referência ao decreto Lei nº.9.311, de 25 de outubro de 1884, que criou os primeiros cursos de graduação de Odontologia do Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro e Salvador (BA).

O 25 de outubro é dedicado também a conscientizar a população da importância de manter uma boa higiene bucal, daí que neste dia também se celebra o Dia Nacional da Saúde Bucal.

Se na parte tecnológica a odontologia brasileira evoluiu desde a criação dos primeiros cursos, bem como as especialidades foram crescendo, existindo hoje 22 delas, sendo as mais novas a Acupuntura, a Odontologia do Esporte e a Homeopatia, a realidade das remunerações dos seus profissionais deixa muito a desejar.

A profissão de cirurgião-dentista até os anos 80 estava numa patamar de valorização que se igualava a médicos, advogados e magistrados nas capitais e principais cidades do interior desse Brasil.

Não existiam quase cirurgiões-dentistas no serviço público de saúde, a maioria labutava em clínicas e consultórios privados. Dentista era um profissional liberal, que bem remunerado, ocupava um papel de destaque na sociedade.

Depois das décadas de 80 e 90, com a proliferação de muitos cursos de Odontologia pelo país, a formação de novo cirurgiões-dentistas aumentou muito e o mercado não teve capacidade para absorver tantos profissionais.

Muitas faculdades e universidades foram autorizadas a abrirem cursos de Odontologia, nem sempre com condições para formar profissionais capacitados.

PAÍS RECORDISTA DE DENTISTAS NO MUNDO

Atualmente, o Brasil tem 19% dos dentistas do mundo. São mais de 290 mil profissionais espalhados pelos 27 estados da federação.

O Atlas Global de Odontologia, publicado em 2009 pela Federação Dentária Internacional, calcula que no mundo exista pouco mais de um milhão de dentistas. De todos os países pesquisados, o Brasil aparecia com 219.575 profissionais cadastrados.

O Brasil é o país com o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo e também o que apresenta desigualdade em sua distribuição.  A maioria dos profissionais está nas capitais e nas regiões Sul e Sudeste.

Dados do livro “Perfil Atual e Tendência do Cirurgião-Dentista Brasileiro”, de 2010, apontavam que 59% dos dentistas brasileiros se concentravam na região Sudeste, sendo que 33% no estado de São Paulo, enquanto Minas Gerais e Rio de Janeiro tinham aproximadamente 12% cada.

Enquanto sobram dentistas nas capitais, no interior faltam profissionais na maioria dos estados brasileiros.

Mesmo com o recorde em número de dentistas no Brasil, a realidade do acesso da população aos serviços odontológicos é ainda muito baixo.

“Embora nos últimos anos a odontologia esteja se incluindo de forma mais representativa nas políticas públicas de saúde, ainda há muita desigualdade”, afirma Ana Estela Haddad, uma das autoras do livro “Perfil Atual e Tendência do Cirurgião-Dentista Brasileiro”.

A professora Maria Celeste Morita, da Universidade Estadual de Londrina (PR), também uma das autoras do livro, em entrevista ao jornal Zero Hora de Porto Alegre, em março de 2010, comentava que a tendência da profissão no futuro era do aumento de oferta de vagas no serviço público e de expansão da atividade nos dois extremos dos ciclos de vida.

Segundo ela, “há necessidade de profissionais que se dediquem às mais tenras idades, trabalhando com a prevenção, e que cuidem dos idosos”. Morita dizia que “temos conhecimento científico para garantir que muitas pessoas cheguem até a velhice com seus dentes”.

ODONTOLOGIA NA REDE PÚBLICA

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) emprega cerca de 30% dos dentistas no país. Dados do Ministério da Saúde informam que a Estratégia Saúde da Família tem cerca de 65 mil profissionais que atendem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

São cerca de 40 mil UBS em todo o país, que contam com mais de 24 mil equipes de saúde bucal, além de 1.037 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).

Os dentistas do SUS fazem parte do programa Brasil Sorridente, criado em 2002, que estabeleceu o atendimento odontológico na rede pública para a população usuária do sistema.

O presidente do CRO-RN, Gláucio de Morais e Silva, dentista na Estratégia Saúde da Família, no bairro das Rocas, em Natal, lembra que 75% da população da capital potiguar só tem acesso à odontologia no SUS.

“Eu quero em nome do plenário do CRO-RN  parabenizar todos os cirurgiões-dentistas brasileiros, em especial aos meus colegas potiguares, pelos excelentes serviços prestados à população, tanto na rede pública, como em seus consultórios e clínicas, bem como aos professores de nossos cursos que formam os novos profissionais da odontologia”, diz Gláucio Morais.

“Ao mesmo tempo que comemoramos a excelência dos profissionais da odontologia, não posso deixar passar em branco neste dia o meu protesto pelos baixos salários que os prefeitos potiguares pagam a seus dentistas da Estratégia Saúde da Família”, finaliza o presidente do CRO-RN.

No Rio Grande do Norte, segundo dados de outubro, existem cerca de 4 mil dentistas inscritos no CRO-RN.