Curso sobre Uso Racional de Medicamentos e Medicalização tem enfoque na reflexão
Citando o filósofo grego Sócrates, o escritor português José Saramango e o teatrólogo francês Moliére, o professor e doutor em Saúde Pública, José Augusto Cabral de Barros, de Pernambuco, ministrou o curso "Uso Racional de Medicamentos e Medicalização" no auditório do CRO-RN, que começou na sexta-feira, 3, e terminou no sábado. Foram, 12 horas de carga horária.
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Doutor em Epidemiologia pela Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha) e ex-professor do departamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pernambuco e do departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e co-fundador da Sobravime e da AIS (Acción Internacional para la Salud), Barros é autor de vários livros e artigos sobre fármacos e uso racional de medicamento.
No curso iniciado nesta sexta-feira, o doutor em Epidemiologia e Mestre em Medicina Preventiva procurou despertar na plateia formada por cirurgiões-dentistas a reflexão crítica a partir da tomada de conhecimento, da investigação, analisando fundamentos e razões.
Para o professor pernambucano, o uso racional dos medicamentos acontece quando os pacientes recebem a medicação adequada às suas necessidades clínicas, nas doses correspondentes a suas características individuais, durante o tempo necessário e ao menor custo possível, para eles e para a comunidade, como a própria Organização Mundial de Saúde preconiza.
Crítico do uso irracional de medicamentos, Barros não alivia em suas críticas à indústria farmacêutica que financia profissionais de saúde para aumentar suas receitas com a venda de medicamentos, patrocinando instituições e médicos em seus congressos.
O professor pernambucano critica o consumo excessivo de medicamentos, que ele denomina da “cultura da pílula”, ironizando que “as pessoas já não vão à feira comprar acerola, mas vão à farmácia comprar vitamina C”.
Numa entrevista de 2011, Barros citou que em 2010 a indústria farmacêutica no Brasil faturou R$ 10 bilhões, sendo que cerca de 20% desse valor foi destinado à propaganda. “Os médicos se tornam garotos propaganda de luxo”, disse na época.
Para mudar o quadro de uso irracional de medicamentos, o professor tem defendido um controle maior sobre a indústria farmacêutica para evitar que qualquer remédio chegue ao mercado, além de uma conscientização maior para os prescritores, médicos e dentistas. Ele defende mudança na grade curricular das faculdades para promover um modelo de medicina mais voltado à alterações de hábitos da população, reduzindo assim o consumo remédios.
O professor também defende campanhas governamentais para por fim à “cultura da pílula”.
O curso do professor Barros é uma promoção do Grupo de Estudos para o Uso Racional de Medicamentos (GEURM) do CRO-RN.
Para ler o artigo do professor Barros sobre "Ampliando Espaço da Medicalização", clique aqui.