Sindicatos dos Dentistas e dos Médicos fazem sabatina com candidatos ao governo
Os sindicatos dos Odontologistas do Rio Grande do Norte (SOERN) e o dos Médicos (SINMED/RN) realizaram na noite de segunda-feira, 8, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Natal, a sabatina com os dois candidatos ao governo do Estado que aparecerem com maior percentual de preferência do eleitorado nas pesquisas de intenções de votos.
Os candidatos Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Robinson Faria (PSD) ao final de suas sabatinas receberam as propostas da odontologia e da medicina das mãos dos presidentes do SOERN, Ivan Tavares, e do SinMed, Geraldo Ferreira.
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A sabatina teve rodadas de perguntas dos dois sindicatos, num total de 10, com cinco para cada entidade, além das perguntas da plateia.
As perguntas foram as mesmas para os dois candidatos quanto as propostas para a área da saúde do Estado.
Os candidatos responderam quanto a Lei 511, Odontologia Hospitalar, equiparação dos salários dos dentistas com os dos médicos, insalubridade, garantia de manutenção de acordos de aumentos salariais, programa Mais Médico, entre outros temas.
O apresentador da sabatina foi o jornalista e cientista político Robson Carvalho, que começou as perguntas com o candidato do PSD, Robinson Faria, após os presidentes do SOERN e do SinMed, Ivan Tavares e Geraldo Ferreira, respectivamente, terem dado as boas vindas e agradecidos aos candidatos por terem aceitado o convite para discutir a saúde.
O senador e médico Paulo Davin, do PV, participou da sabatina como convidado. Durante a sabatina com o candidato Henrique Alves, o presidente da Câmara Federal prometeu colocar em votação ainda este ano o projeto de lei que coloca os cirurgiões-dentistas nas UTIs dos hospitais. Paulo Davin foi o relator do projeto no Senado.
ROBINSON
O candidato Robinson Faria foi o primeiro a ser sabatinado e teve 1h30 para responder as perguntas dos sindicatos e da plateia.
Ele começou a sabatina dizendo que não era médico, mas pretende fazer um “governo totalmente inovador para a Saúde no nosso Estado”.
Segundo o candidato do PSD, o seu governo será da “eficiência da máquina do Estado e do diálogo”.
Robinson afirmou que pretende ouvir a sociedade e destacou que vai fazer a “gestão da ousadia”, já que é uma pessoa sonhadora.
“Meu governo será aberto ao diálogo, vou ouvir os servidores e a sociedade”, disse em sua apresentação.
Na primeira pergunta do SOERN sobre Odontologia Hospitalar na rede de hospitais público do Estado, o candidato do PSD afirmou que caso eleito pretende ampliar para todos os hospitais do interior o serviço.
O candidato a governador disse que no seu governo vai valorizar os servidores públicos e prometeu criar a carreira médica do Estado e reparar uma injustiça do atual governo de Rosalba Ciarline que deixou sem reajuste cerca de 200 dentistas do quadro estadual que foram cedidos aos municípios.
“Os dentistas municipalizados não recebem reajuste nem do Estado nem das prefeituras. Vamos reparar essa injustiça, além de resolver a questão do adicional de insalubridade”, disse, recebendo os aplausos de vários dentistas que foram prejudicados pelo atual governo e marcaram presença no auditório do CDL.
Robinson também afirmou na sabatina que é a favor da equiparação salarial entre médicos e dentistas.
Com relação a uma pergunta do SOERN sobre piso salarial da categoria, Robinson lembrou que o assunto já era objeto de lei Federal, mas prometeu pelo menos conversar com a categoria. “Não chego aqui como dono da verdade, mas vamos ver o que pode ser feito”.
O candidato do PSD prometeu fazer um governo de “quebra de paradigmas”, afirmando que sua equipe será técnica e não política. “De político basta o governador”, afirmou Robinson.
Segundo ele, no seu governo não haverá vez para os afilhados e apadrinhados de políticos.
O candidato ao governo também prometeu ajudar as APAMIs (Associação de Aparo e Proteção à Maternidade e Infância) que administram vários hospitais do interior, que no atual governo enfrentam problemas financeiros por corte em repasses de recursos para ajudar a manter suas unidades hospitalares.
Robinson classificou de “deprimentes” a situação destas APAMIs e prometeu fortalecê-las com repasses de dinheiro do Estado.
Diante de uma pergunta da plateia sobre o programa Mais Médico do Governo Federal, o candidato do PSD, que é aliado no Estado ao PT da candidato ao Senado, Fátima Bezerra, respondeu que “não sou dono da verdade nem vou ficar em cima do muro”, acrescentando que a solução é criar o programa estadual da versão petista.
Sem criticar diretamente o programa Federal, Robinson deu a entender que também não concorda com alguns pontos do Mais Médico e preferiu prometer criar a carreira da medicina no Estado para atrair com melhores salários os profissionais para atuarem nos municípios do interior.
Com relação ao calendário de pagamentos dos servidores, que o atual governo está atrasando a liberação do dinheiro, o candidato do PSD garantiu que no seu governo isto não vai acontecer, colocando a culpa na má gestão do atual governo para os atrasos.
Segundo Robinson, para que não falte dinheiro, o seu governo vai combater o desperdício e instituir o programa da “Compra Justa”, com fiscalização de vários órgãos controladores, como os tribunais de contas da União e do Estado.
O candidato prometeu transparência no monitoramento das compras da saúde, dando a entender que seu governo será mais rigoroso nesse quesito, onde se sabe que a prática do superfaturamento na venda de insumos e materiais para o Estado é mais comum do que se pode imaginar.
Com relação a superlotação dos hospitais públicos, principalmente em Natal e Mossoró, Robinson prometeu construir o hospital de Traumas de Natal, deixando o Walfredo Gurgel para atendimentos cardiovasculares, neurológicos e cirurgias seletivas.
Segundo o candidato, o hospital de Traumas poderá ser construindo num terreno da avenida Prudente de Morais ou em outro da zona Norte.
Robinson prometeu fortalecer os 24 hospitais regionais que o governo tem no Estado, fazendo consórcios de municípios para ajudar no custeio dos mesmos.
Diante de uma pergunta do Assessor de Imprensa do CRO-RN, que nas campanhas os candidatos afirmam ser a saúde uma prioridade, mas quando eleitos esquecem os servidores da saúde e os atendimentos à população, o candidato do PSD respondeu que isto é uma realidade, mas no seu governo não vai acontecer.
“Quero ser o governador da Saúde, da Segurança e da Educação, vou governar com as categorias”, afirmou.
Segundo Robinson, o seu governo será da “saúde humanitária”, que vai ter coração. “Meu governo será da solidariedade, um governo inovador na saúde”, afirmou.
Ao ser indagado como pretende enfrentar greves na saúde, o candidato do PSD respondeu que é democrático e já atuou na intermediação entre grevistas e o governo. Segundo Robinson, o seu governo não vai reprimir nenhuma greve, mas vai dialogar e mostrar a situação financeira do Estado.
O candidato do PSD prometeu ainda no seu governo criar uma Central de Diagnóstico em Natal e outra em Mossoró, com aparelhos de tomografias, denunciando que encontrou em suas andanças pelo Estado de aparelhos encaixotados há mais de 10 anos.
HENRIQUE
O candidato do PMDB, Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara Federal, foi o segundo a participar da sabatina, e se dirigiu a plateia formada em sua maioria por médicos e dentistas que não estava ali para prometer nada, mas sim de ouvir.
As únicas promessas concretas na área da saúde foram a construção do Hospital de Traumas em Natal e a reestruturação dos hospitais regionais.
Com o mesmo tempo de 1h30 para responder às perguntas, o candidato pemedebista deixou claro que seu governo também será de ouvir os servidores e a sociedade, confessando que já errou e pretende agora acertar ao governar o seu Estado, depois de 11 mandatos como deputado Federal.
Reconheceu que vai pegar um Estado com uma situação financeira precária, mas afirmou que não pretende governar olhando pelo espelho retrovisor, nem criticar a pessoa da governadora, que até um ano atrás é sua aliada.
Segundo Henrique, o próximo governador vai pegar um Estado com R$ 5 bilhões de dívidas, mas não adianta reclamar da situação.
Para o candidato, a situação do Estado é gravíssima diante da desarrumação do atual governo, mas caso eleito pretende governar com “responsabilidade e transparência”.
Diante da pergunta como será o calendário de pagamentos dos servidores num futuro governo, já que a atual governadora vem atrasando, Henrique foi objetivo.
“O servidor público tem que receber em dia, pois esse dinheiro não é para ir para poupança e sim, para alimentação, médico para um filho”, afirmou.
Com relação as APAMIs, o candidato também prometeu restabelecer a ajuda financeira do Estado para que as associações possam manter suas unidades hospitalares do interior.
Com relação às reivindicações salariais dos servidores da saúde, Henrique deixou claro que o diálogo a exaustão e responsabilidade serão as tônicas do seu governo.
Indagado sobre seus projetos para a saúde bucal, o candidato do PMDB foi franco em dizer que não tinha um diagnóstico da situação, mas estava aberto a ouvir as pessoas e entidades sobre o tema.
Sobre terceirização e privatização na área da saúde, Henrique deixou claro que a valorização do servidor público é sua prioridade, mas no seu governo a contratação de pessoal por empresas terceirizadas será um complemento. E afirmou ainda que privatizar a saúde não é o caminho, mas sim valorizar os servidores e investir na sua qualificação.
Questionado se vai manter um acordo firmado entre médicos e dentistas com o governo atual sobre reajuste salarial de 10% ao ano para as duas categorias, o candidato do PMDB respondeu que já ouviu muito sobre estes acordos firmados com vários setores, mas pretende cumpri-los, mas dentro da capacidade financeira do Estado.
Diante de uma pergunta sobre o que achava do programa Mais Médico do governo Federal, Henrique disse que mesmo o seu partido sendo aliado do governo da presidente Dilma Rousseff, indicando o seu vice, Michel Temer, a sua posição era de independência.
O candidato disse que é a favor do Revalida, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, para os profissionais estrangeiros, e considerou “esdrúxula” a condução do programa do Mais Médico, que precisa ser corrigido.
Henrique afirmou que a questão da melhoria saúde passa pela aprovação projeto de lei Saúde + 10, em tramitação na Câmara Federal. Como presidente da Casal, ele afirmou que vai colocar em votação no plenário entre outubro e novembro.
Segundo ele, o projeto de lei de iniciativa popular que obriga a União a investir na saúde pública 10% de sua receita bruta vai ser colocado agora em pauta para ser aprovado e não apenas votado.
Para o candidato do PMDB a governador do Rio Grande do Norte, mesmo o governo do PT sendo contra a sua aprovação, o projeto de lei será aprovado. “Eu só pautaria para aprovar o Saúde + 10”, afirmou.
Com boa oratória e conhecedor profundo dos problemas que a população passa, o candidato Henrique diz que hoje se sente mais preparado para governar o seu Estado, destacando que “aprendeu a ouvir, eu amadureci, já errei, já perdi e amadureci”.
Segundo o candidato do PMDB, ele não quer mais errar e “não posso mais errar”, e que na saúde não se pode perder tempo.
O candidato Henrique prometeu dialogar, afirmando que tem disposição para ouvir, para conversar.
“Eu mudei, eu hoje estou aqui para ouvir, para ser convencido ou para convencer”, disse o candidato.
REPERCUSSÃo
Para o ex-presidente do CRO-RN, o conselheiro Federal Eimar Lopes, que acompanhou a sabatina ao lado do presidente do SOERN e do atual presidente do Conselho Regional de Odontologia do RN, Gláucio de Morais, a sabatina aos candidatos a governador organizado pelos sindicatos dos Médicos e dos Dentistas é importante para se conhecer um pouco das propostas deles para área da saúde.
Mas Lopes vê os candidatos com preocupação diante da postura dos mesmos diante dos problemas da saúde.
Com relação ao candidato Henrique, o conselheiro Federal não observou compromissos assumidos, mas sim relatos da situação da saúde no Estado. “Não vi propostas concretas, a não ser discurso”, disse.
Quanto ao candidato do PSD, Lopes faz crítica a sua posição de assumir alguns compromissos difíceis, como a criação de uma carreira médica no Estado, enquanto demonstrou desconhecer alguns assuntos da categoria.
No final das sabatinas com os candidatos, os sindicatos dos Dentistas e dos Médicos entregaram documentos com suas sugestões em suas respectivas áreas.
Para o presidente do CRO-RN, Gláucio de Morais e Silva, a sabatina serviu para os dentistas e médicos conheceram mais um pouco as propostas dos dois candidatos para a saúde do Estado.
Segundo Silva, Henrique é um político que tem sua experiência legislativa de 40 anos como deputado Federal e conversa bem. “Não tem nenhuma experiência no executivo, mas na teoria tem conhecimento dos problemas da saúde”, disse o presidente do CRO-RN.
Na avaliação do candidato do PSD, Silva acha que o mesmo precisa conhecer mais profundamente os problemas da saúde. “ Ele assumiu muitos compromissos diante das duas categorias que depois podem se frustrar”, afirmou.
A sabatina teve duração média de 3 horas, começou às 20 horas e terminou às 23 horas, transcorrendo em um clima tranquilo, sem a presença de correligionários dos candidatos.
No encerramento, o presidente do SindMed declarou apoio ao candidato do PMDB em nome da sua categoria. Já o presidente do SOERN não assumiu apoio a nenhum dos candidatos.