Duas novas especialidades (Odontologia Hospitalar e do Esporte) são propostas da pré ANEO no RN
Duas propostas para criação das especialidades de Odontologia Hospitalar e Odontologia do Esporte foram apresentadas na Assembleia Preparatória Estadual da III Assembleia Nacional de Especialidades Odontológicas (ANEO), realizada pelo CRO-RN em seu auditório, na última quinta-feira, 14 de agosto.
A criação da especialidade Odontologia Hospitalar foi defendida pelo presidente do sindicato dos Odontologistas do Rio Grande do Norte (SOERN), Ivan Tavares, enquanto o cirurgião-dentista Hilton Gurgel, professor da Universidade Federal do RN, que atende os atletas do ABC, apresentou sua defesa para que a Odontologia do Esporte se torne uma especialidade odontológica.
Na ANEO estadual, a seção regional da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-RN) fez a defesa da manutenção das 2.000 horas para formação dos especialistas desta área, bem como sugeriu a aplicação de prova ao final do curso de pós-graduação. A cirurgiã-dentista Moema Barreto, ortodontista, foi a representante da ABO-RN, cujo presidente, Emerson Pimenta, não pode estar presente à assembleia por motivo de viagem.
Na pré ANEO, as entidades presentes, como ABOR-RN, SOERN, ABO-RN e UFRN, elegeram o cirurgião-dentista Ivan Tavares como delegado do Rio Grande do Norte para participar da ANEO em São Paulo, nos dias 13 e 14 de outubro.
As propostas e sugestões do Rio Grande do Norte serão enviadas pelo CRO-RN para o CFO até o dia 29 de agosto. No caso da criação das novas especialidades, a definição e as áreas de abrangência para atuação do profissional foram fundamentadas pelos seus propositores.
PAINÉIS
O presidente do CRO-RN, Gláucio de Morais e Silva, abriu a programação da Assembleia Preparatória Estadual para as discussões das propostas do Rio Grande do Norte para a ANEO, que acontece nos dias 14 e 15 de outubro, em São Paulo, numa realização do Conselho Federal de Odontologia (CFO).
A pré ANEO estadual começou pela manhã com painéis “Odontologia - áreas e abrangências de suas especialidades”, com a professora Roseana de Almeida Freitas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e “O estágio atual da pós-graduação em Odontologia”, apresentado pelo professor da UFRN, Ângelo Giuseppe Roncalli Costa Oliveira.
No período da tarde aconteceu a formação de grupos de discussão, mas apenas um, o de Ortodontia, foi formado, com a participação da representante da ABO-RN e dos conselheiros do CRO-RN, Petulia Maria de Souza e Luiz Eduardo Rodrigues Juliasse.
A coordenação dos painéis foi do conselheiro do CRO-RN, Marco Aurélio Medeiros da Silva, com o secretariado de Iris do Ceo Clara Costa, e a participação do vice-diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, o cirurgião-dentista Antônio de Lisboa Lopes Costa, e o professor Heitel Cabral Filho como debatedores.
O professor Heitel criticou a pouca participação dos cirurgiões-dentistas na assembleia estadual. Segundo ele, o assunto é de relevância para a categoria, mas lamentou a falta de interesse dos profissionais para discutir a criação de novas especialidades.
A professora Roseane falou da Avaliação do Sistema Nacional de Pós-graduação, o estágio atual da pós-graduação brasileira e a distribuição dos programas de pós-graduação no país na área da Saúde.
Segundo a professora, com dados da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação do Ministério da Educação (MEC), em 2013, dos 587 programas de pós-graduação na área de Saúde, a Odontologia tinha um total de 101, contra 85 da Medicina.
Já o professor Roncalli trouxe para discussão no painel a necessidade ou não da criação de novas especialidades na Odontologia.
Na visão do professor da UFRN, o país não precisa de mais especialidades na odontologia. Segundo ele, o Brasil tem 19 especialidades odontológicas, enquanto o Estados Unidos tem nove e na Europa, o número varia de país para país.
Na Áustria, Luxemburgo e Espanha, por exemplo, não há reconhecimento de especialidades, enquanto que na Islândia e Reino Unido, são reconhecidas mais de 10 especialidades.
Historiando a criação de especialidades odontológicas no Brasil, Roncalli citou que em 1968, ainda na época do Serviço Nacional de Fiscalização da Odontologia (SFNO), existiam apenas oito especialidades (Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo facial, Radiologia, Endodontia, Odontopediatria, Ortodondia, Periodontia, Prótese Dentária e Prótese Buco-maxilo facial).
Já em 1971, na vigência do CFO, foram criadas mais três especialidades (Dentística, Odontologia Legal e Patologia Bucal).
Depois, em 1990 e 1992, respectivamente, foram criadas as especialidades de Implantodontia e Estomatologia. A Estomatologia foi criada na primeira ANEO realizada, enquanto que na segunda, em 2001, surgiram seis novas especialidades: Disfunção Têmpora Mandibulzar e Dor Orofacial, Odontologia do Trabalho, Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, Odontogeriatria, Ortopedia Funcional dos Máxilares e Saúde Coletiva.
Segundo dados do CFO, até 2013, a especialidade de Ortodontia é que mais tem especialistas no Brasil, com um total de 18.519 profissionais, ficando a Endodontia em segundo com 12.575 e a Prótese Dentária aparecendo em terceiro com 9.649 especialistas.
As especialidades com menor número de profissionais são Patologia Bucal com 380, Odontogeriatria com 260 e Prótese BMF com 61 especialistas.