Notícias

  1. CRO RN
  2. Notícias

Posse dos novos conselheiros para o biênio 2008/2010

Os novos conselheiros para a gestão 2008/2010 do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte (CRO-RN) tomaram posse no último dia 7 de agosto, em solenidade realizada no Versailles Recepções, na sede do América, no Tirol.

Participiram da posse o presidente Conselho Federal de Odontologia (CFO), Miguel Álvaro Santiago Nobre, o superintendente Márcio Coimbra, o secretário Estadual de Saúde, George Antunes de Oliveira, presidentes de CROs e convidados, além de cirurgiões-dentistas.

A solenidade começou com o discurso do presidente do CRO-RN, Eimar Lopes de Oliveira, que fez um balanço da sua gestão, e em seguida o presidente do CFO entregpu diplomas para os conselheiros da gestão 2006/2008 e para os novos conselheiros eleitos no último dia oito de maio.

Receberam os diplomas o presidente do CRO-RN e os conselheiros efetivos e suplentes.

Os conselheiros efetivos que tomaram posse foram: Eimar Lopes de Oliveira, José Ferreira Campos Sobrinho, Marcílio Dias Chaves de Oliveira, Gláucio de Morais e Silva e Rômulo Dias de Oliveira.

Já os conselheiros suplentes diplomados foram Eduardo Zilson da Costa Freire, Fábio Martins (representante de Mossoró), Jaldir da Silva Cortez, Rosângela Pinheiro da Costa e Tarcísio de Brito Guerra.

No seu discurso de posse, o presidente do CRO-RN agradeceu a atual diretoria do CFO e em especial o seu presidente, o gaúcho Miguel Álvaro Santiago Nobre, pelo apoio que recebeu na primeira gestão da atual diretoria reeleita.

Segundo Lopes, sempre que o CRO-RN recorreu ao CFO, o seu presidente não deixou de ajudá-lo, como na recente compra de um veículo Dobló para atender as necessidades da autarquia no Estado.

O presidente do CRO-RN reconheceu em seu discurso que nem todas as promessas de campanha da primeira eleição foram cumpridas, não por vontade própria, mas por circunstâncias outras que impediram as suas realizações.

Se algumas promessas não foram cumpridas, Lopes relacionou outras realizações da atual diretoria, como a criação do site próprio do CRO-RN, as diversas jornadas de odontologia no interior, além da intensificação da fiscalização, que pela primeira vez flagrou o exercício ilegal da profissão na região do Trairi, com a prisão de um falso dentista, cujo processo ainda tramita na justiça.

Lopes ainda destacou a fiscalização que o CRO-RN começou a realizar em julho último nas unidades de Saúde do município de Natal, tendo inicialmente visitado três postos da zona Norte para verificar as condições de trabalho dos profissionais de odontologia e também de atendimento dos pacientes.

Ainda em seu discurso, o presidente do CRO-RN elogiou o trabalho do presidente do sindicato dos Odontologistas do Rio Grande do Norte, Ivan Tavares de Farias Júnior, na condução da entidade, bem como parceiro em ações como PPC (Programa Político-Cultural) que está sendo realizado em municípios do interior.

Após a solenidade de posse dos novos conselheiros, foi servido um jantar para a categoria odontológica e convidados. A festa de posse teve ainda apresentação da banda Anos 60, comandanda pelo cirurgião-dentista, Reinaldo Azevedo.

Na composição da mesa, além dos presidentes do CFO, CRO-RN e SOERN, estavam presentes o secretário Estadual de Saúde, George Antunes de Oliveira, o presidente do SOERN, Ivan Tavares, além de representantes dos cursos de Odontologia das Universidades Federal do RN e Potiguar e da UERN de Caicó.

 

Participaram como convidados da posse os presidentes dos CROs de Goiás, Anselmo Calixto; do Maranhão, Cláudio Fontoura da Cruz; do Paraná, Ermensson Luiz Jorge; da Paraíba, Leonardo Marconi Cavalcanti de Oliveira, além do representante do CRO-PE, Breno Albuquerque, e outros representantes da odontologia no Exército, Marinha e Aeronáutica.

Leia abaixo a integra do discurso de Posse do Presidente

 

DISCURSO DE POSSE CRO-RN
                                                (2008 – 2010)

“... Longe se vai, sonhando demais, mas onde se chega assim? Vou descobrir o que me faz sentir, Eu, caçador de mim”.

(Sérgio Magrão e Luis Carlos Sá)

É assim que tenho me sentido ultimamente: “caçador de mim”. Muitas vezes a angústia me domina quando não consigo pôr em prática todas as proposições teorizadas. Tenho a sensação de que devo ficar estático, amordaçado; enquanto a vida caminha, os erros acontecem e as injustiças se alastram. Procuro a todo instante me “caçar”, por que “caçar” o errado, no Brasil, é quase um sonho impossível.

Na nossa missão de fiscalizar, de defender a ética e de lutar em defesa da sociedade; o que na verdade encontramos pelo caminho, é a eclosão cada vez mais feroz da impunidade, dos espaços abertos pelas leis e das manobras de extrema perspicácia para deixar ainda mais livre quem pratica o ilícito.

A ética tão bem definida e estudada pelo subjetivo da filosofia, vive, ou melhor, sobrevive cotidianamente massacrada na sua integridade. E a sociedade? Ah! Essa apenas perambula. Anda desrespeitada, violentada, desprotegida. Os seus defensores se encontram assim como eu: “caçador de mim”. Por que não encontram respaldo para os seus gritos, e vão dia a dia enfraquecendo diante do gigante conceito que, mesmo de forma pejorativa, impera na mente dos mais fracos, impregnando-a e ensinando-lhes o seguinte: “eu roubo, mas faço”.

Sinto-me caçador de mim, desabafo com vocês, que são meus cúmplices em tudo que faço, mas afirmo-lhes com o mais íntimo do meu ser: vou continuar a seguir as palavras do grande Bertolt Brecht: “sonhar o sonho impossível e lutar, onde a regra é ceder”.

Certa vez me disseram que um dos piores discursos de se produzir, seria o da reeleição. E é verdade, pois há um desgaste natural de quem gere que muitas vezes se confunde com inoperância. Mas para ser feito com coerência, ele precisa apresentar três princípios fundamentais: Humildade, Transparência e Ética.

Humildade para reconhecer que não fomos capazes de realizar algumas propostas feitas em campanha. E aqui eu digo humildemente: ainda não conseguimos avançar muito na melhoria da condição de trabalho do Cirurgião-Dentista.

A gestão pública vem nos últimos anos, praticando a política do “faz de conta”. São justificativas diversas: “abrimos licitação”, “amanhã estará funcionando”, “os técnicos estão de férias”, “a engenharia virá avaliar”... Enquanto nós dirigentes de entidades, população e categoria ficamos amordaçados, vendo o mofo, a falta de pessoal, a falta de gestão, as quebras de equipamentos, serem responsabilizados por todo o caos instalado na saúde de nossa população.

Humildade também para reconhecer que somos humanos, e como tal, também cometemos erros. Somos, portanto, conscientes de que não fizemos tudo, mas temos certeza que mudamos a face do CRO-RN. E que continuaremos a luta sempre, no intuito de melhorar e aprimorar a realidade da Odontologia do Rio Grande do Norte e do Brasil.

O segundo princípio, a transparência, esta como prestação de contas, não só a financeira, mas também a administrativa. Hoje o site do CRO-RN, é uma realidade, há milhares de Pessoas beneficiadas com essa ferramenta.

Cinco Jornadas científicas no interior do Estado; mais de 50 municípios fiscalizados; registro comemorativo da passagem dos 40 anos do CRO-RN durante todo o ano de 2007; apoio e participação conjunta com o nosso Sindicato nas lutas em defesa da Profissão como: Plano de Cargos, Lixo Hospitalar, Programa Político Cultural, entre outros. Atividades constantes para as profissões auxiliares; participação nos conselhos Municipal e Estadual de saúde, como forma de ampliar a defesa da cidadania; abertura de um grande espaço na imprensa local, uma maneira de utilizarmos uma de nossas únicas armas: a voz, como mecanismo de convencimento e de denúncia; a aquisição de um novo veículo; reformulação nas assessorias jurídica e de imprensa; reforma administrativa com o corpo funcional (isso sem nenhuma demissão); e ainda encontram-se em execução vários outros projetos: como a criação de uma biblioteca para o Conselho que irá materializar de fato, todo o acervo que nossa entidade tem e que estava praticamente abandonado. Está também em construção um levantamento da situação de toda rede pública de saúde bucal do município de Natal, onde são visitadas três unidades de cada distrito sanitário (Ao final divulgaremos o resultado) e muitas outras ações.

Aproveito a oportunidade pública para agradecer em nome de toda a Odontologia deste Estado, ao Conselho Federal de Odontologia, toda sua diretoria e seus funcionários, na pessoa de seu Presidente, o Dr. Miguel Álvaro S. Nobre, pelo apoio inconteste, e em todas as horas. Queria lembrar que nunca fomos ao CFO, para receber um “não”.

Portanto, ao CFO, toda gratidão aqui de nosso Rio Grande do Norte. Sem essa ajuda, jamais conseguiríamos todas essas realizações. E finalmente o terceiro princípio: a Ética. Sintetizando, digo-lhes que é sendo fiel a ela que tenho pautado a minha vida. Dizendo isso acredito que defino como administrei o CRO-RN nesses dois anos de gestão; e é seguindo os seus princípios que continuarei a luta.

Somos mais de duzentos mil Cirurgiões-Dentistas no Brasil, no Rio Grande do Norte somos dois mil e quatrocentos. Uma quantidade muito superior à necessidade. O MEC, a quem cabe a responsabilidade de formar e de avaliar, não o faz. Não fiscaliza e nem impõe regras para funcionamento. Enquanto isso, a indústria de comercializar a educação cresce cada vez mais sem controle. E depois as críticas, as cobranças recaem sobre as entidades de classe.

Agora querem discutir exame de ordem, e outros artifícios para tentar barrar a quantidade exorbitante de profissionais que eles mesmos permitiram formar. Como se uma prova fosse capaz de filtrar caráter ou personalidade. No Brasil há essa cultura, de se inverter a ordem das coisas, de passar a responsabilidade para os outros. Não, esse assunto é de inteira responsabilidade do Ministério da Educação. Toda vez que se iniciava um processo de abertura de uma nova Faculdade de Odontologia, algumas entidades sempre se posicionaram contra. E conosco não foi diferente.

Gritamos, fomos às ruas, mostramos que não havia mercado e nem espaço, porém nada foi feito. E ao final, depois de tudo, querem imputar aos Conselhos, que têm a missão de regulamentar e fiscalizar o exercício profissional, a responsabilidade de cercear, ou como queiram, de selecionar o que eles não foram capazes de impedir.

Nós vamos continuar sim a nossa luta, não realizando provas para aferir competências, mas principalmente conscientizando a categoria e a população para questionar e cobrar de quem realmente deve prestar contas.

Ainda falando em Educação, já faz algum tempo que temos denunciado o processo de pós-graduação em Odontologia, especificamente os “latu-sensu”, o ingresso dos alunos se dá exclusivamente pelo financeiro. Nunca se ouviu dizer que alguém foi reprovado numa seleção por avaliação intelectual. Além do mais os preços cobrados vêm se tornando cada vez mais exorbitantes. O fim já sabemos qual será: especialistas com o diploma na mão, conseguido com grande dificuldade econômica, e o pior, fora do mercado. Sem ter onde exercer a sua especialidade. Tudo isso por que as “mercearias” de vender cursos não avaliam quais especialidades têm mais carência ou qual área necessita de uma ou outra, o que se analisa é quanto cada curso vai render, ou quanto cada aluno vai pagar. Não há muito o que fazer, mas tenho o dever de alertar, e acredito que só a conscientização da classe poderá minimizar esse problema. Todo esse contexto parece ser retratado no poema de Brecht, Privatizado: "Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contentes, querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."

Só para reflexão, me reporto a um passado bem recente, e pergunto: quem faria especialização em saúde coletiva antes do advento do PSF?  E por falar nele, é preocupante seu estado de saúde. É bem verdade que a gestão o tem tratado muito mal. Não se sabe quem realmente é responsável por ele.

O Governo Federal se esconde por entre a névoa da municipalização, o Estado se diz isento, e o Município se intitula de “coitado”; sem recurso, sem pessoal e sem condição. Enquanto a população, grande necessitada e principal motivo do serviço, fica à margem.

Os Profissionais da Saúde bucal vivem um verdadeiro dilema: não sabem para quem trabalham. Não há relação trabalhista, não têm estabilidade, nem carteira assinada, não prestaram concurso (e quando o fazem é de forma precária), enfim a situação é difícil e a solução não é mágica.

Mas, nós profissionais também não estamos fazendo a nossa parte, não queremos cumprir carga horária, não nos adequamos ao programa e principalmente não temos ainda o sentimento coletivo. Acho que o plano de carreira único e Nacional é um grande início. A discussão é ampla e a gestão não pode fugir de sua responsabilidade.        

Não posso, de maneira alguma, deixar de registrar a importância desse momento na política do nosso País. Estamos às vésperas de uma eleição. Precisamos colocar em prática o exercício da cidadania, abandonar definitivamente as idéias paternalistas, as “ajudas financeiras”, e procurar quem verdadeiramente está disposto a entrar na vida pública.

Temos que ter cuidado, não façamos da urna uma troca de favor e sim um instrumento de escolha. Mas uma escolha baseada no caráter e nas idéias de quem propõe, para que no futuro não tenhamos que lamentar ao ver as fraudes, os desvios e as prisões, que; aliás; nunca funcionam para quem tem dinheiro. Portanto companheiros, só nos resta implorar: votem certo.

E finalmente é chegada a hora de agradecer. Antes de qualquer coisa, agradeço e exalto ao meu bom Deus, sem sua presença constante em minha vida, eu não conseguiria sequer caminhar, imaginem pensar. Obrigado Deus pela tua misericórdia e pela tua companhia.

Abraço fraternalmente três companheiros que, por força maior, tiveram que deixar o grupo: Ana Larissa, Régia e Sérvulo. A vocês que lutaram conosco e que dividiram conosco as tristezas e alegrias, eu vos digo que na vida nada acontece por acaso e que cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e nenhuma substitui a outra. Esse momento tem muito de vocês.

Ao meu amigo Fábio Pinto, mui digno representante da Cidade de Mossoró, com você temos a certeza de que seguiremos firmes na batalha. Aos companheiros, não só da Diretoria, mas do grupo todo, que até hoje têm dado seu suor e seus tempos em prol de nossa Entidade, vocês não são companheiros, vocês são amigos, são soldados, combatentes fiéis; não às pessoas, mas às idéias e isso é compromisso.

Sei que muitos ensinamentos foram dados, mas na hora de colocá-los em prática, tropeçamos em muitas dificuldades e esbarramos na distância que separa o concreto do abstrato. Mas agora chegou o tempo do ser, acabaram-se os dias do “agente se encontra”, “depois agente conversa”... O ontem ficou para trás, o hoje é o que importa, porque amanhã talvez não tenhamos a oportunidade de aproveitar.

O importante é que a união tem nos feito diferentes. Um abraço forte em cada um de vocês, é muito bom tê-los por perto. À categoria, que na sua grande maioria, tem nos creditado sua inteira confiança.

Minha família que preenche dia a dia a lacuna em casa e em suas vidas, só posso dizer que, apesar da vida ser composta de escolhas, eu não escolhi a política, a luta e o trabalho em detrimento de vocês, é exatamente o contrário, estes são materiais, vocês são meu espírito. Sem vocês eu seria apenas e simplesmente: matéria. Obrigado. Como sempre não posso esquecer da memória de meu saudoso Pai, a ele todo o meu amor.

         A luta continua!                   
                                                Natal-RN, 07 de Agosto de 2008
                                                       Eimar Lopes de Oliveira

Outras Notícias