ENTREVISTA COM DR. MÁRIO GALVÃO
Nesta entrevista você verá um pouco de sua história.
O Dr. Mário Coutinho Abbott Galvão é de uma tradicional família odontológica.
Seu avô, Solon de Miranda Galvão, foi o primeiro Dentista formado a exercer a Odontologia em Natal, juntamente com o Dr. Clidenor Lago, em 1910.
Dr. Solon
Dr. Solon, casou com a Sra. Heloísa Abbott Galvão e, desta união, nasceram cinco filhos.
São eles: João Frederico Abbott Galvão, Solon Galvão Filho, Luís Carlos Abbott Galvão, Fernando Abbott Galvão e Clemente Galvão Neto.
Dois deles seguiram a carreira odontológica: Clemente Galvão Neto e Solon Galvão Filho. Dois outros iniciaram a atividade profissional como Protéticos, João Frederico e Luís Carlos, instalando em Natal o primeiro laboratório comercial em Prótese Dentária, em 1947; Dr. Fernando, foi para a diplomacia, onde chegou ao posto de Embaixador, fugindo assim da Odontologia.
É neste ambiente odontológico que o Dr. Mário Galvão nasceu.
Mário, em que data você nasceu e como foi sua infância em Natal?
- Nasci em 1º de junho de 1958. Considero que tive uma infância muito feliz. Naquela época podíamos brincar no meio da rua, que quase sempre era de terra, o que nos permitia fazer algumas brincadeiras que seriam inviáveis nas ruas de hoje, todas asfaltadas. Também vivi muito na Lagoa do Bonfim, lugar que frequento até hoje e onde tenho uma casa.
O seu curso secundário foi realizado em qual colégio? Dele você guarda alguma recordação?
- Fiz o “ginásio” na ETFRN, escola que tenho muito orgulho de ter frequentado e que, já à época, tinha excelentes professores e uma boa estrutura. O “científico” foi no Marista, escola também muito respeitada, onde concluí os preparativos para o vestibular. Tenho ótimas recordações de ambas.
Seu avô, seu pai e seu tio foram Dentistas de grande expressão em nossa cidade. Esta situação o influenciou na escolha de sua profissão?
- Sem dúvida, a influência do meu pai, principalmente, me fez tomar conhecimento da profissão. Por não ter irmãos, só irmãs, eu o acompanhava muitas vezes em idas ao consultório, à noite, para fazer trabalhos protéticos. Porém, o que me fez decidir seguir carreira na Odontologia foi a excelente oportunidade de, aos 13 anos, participar do Curso Técnico de Laboratório de Prótese, ministrado pelos professores do navio HOPE e da UFRN.
Seu pai e seu tio, além da atividade na clínica privada, fizeram opção também pela carreira universitária. Clemente Galvão, na Cirurgia, e Solon Galvão, na Prótese. Você foi por outro caminho, seguiu a carreira militar e foi para Reserva como Coronel. Como isto aconteceu?
- Cheguei a estagiar um ano na disciplina de Dentística IV, com os Professores Jório Marques de Souza e Gláucio Teófilo de Sá, mas não havia nenhuma perspectiva de concurso para a UFRN. Por isso, resolvi me dedicar somente ao consultório, onde tínhamos uma numerosa clientela. Porém, no início de 1984, fui convidado a estagiar no setor odontológico da Polícia Militar pelo então major Nicodemos. Lá estagiei durante seis meses e, posteriormente, fiz concurso. Aprovado, passei 29 anos e 2 meses servindo àquela Instituição, de onde saí e fui para a Reserva como Coronel.
Hoje, a Odontologia e a Medicina passam por uma revolução profunda. Os implantes vieram para ficar, a cerâmica pura é uma realidade, são cada vez mais utilizados. A Prótese hoje caminha para o mundo digital. Como você vê estas questões?
- Vejo com muito otimismo. Estou completando este ano 40 anos de formado e exercendo a profissão com bastante intensidade. Venho desde a época em que a nossa atividade era exercida sem o uso de luvas, e sigo até hoje, com o surgimento da Odontologia Digital e do CAD/CAM, da cirurgia guiada etc. Costumo dizer que tive a felicidade de viver uma época intermediária entre o jipe e a Ferrari (risos).
Seu pai esteve nos Estados Unidos e na Escandinávia em busca de novos conhecimentos. Ele foi o primeiro ceramista do Rio Grande do Norte. O primeiro a usar os articuladores semiajustáveis. Criou a Disciplina de Gnatofisiologia Clínica, a primeira do Brasil. Fale um pouco da convivência com seu pai.
Mário com o pai Solon e o filho Fábio
Mário com o pai Solon
- Isso é um pouco difícil, mas vamos lá. Do ponto de vista pessoal, o que posso dizer é que o meu pai era uma pessoa muito amorosa, ética e disciplinada. Jamais levei um “cascudo” dele. Repreender e olhar seriamente já era o suficiente para mostrar desaprovação. Por outro lado, era um professor nato. Não deixava passar uma palavra mal-empregada ou uma informação equivocada. Era uma fonte de conhecimentos riquíssima. Tivemos uma convivência profissional diária durante 23 anos, período de grande aprendizado e enriquecimento dos meus conhecimentos odontológicos.
Você sempre foi um amante da boa mesa e de um bom vinho. A sua preferência é pelos vinhos brancos ou tintos? Latino-americanos ou Europeus?
- Gosto de todos os tipos de vinho, mas sou um grande apreciador dos tintos, principalmente os portugueses. Sou neto de português, e acho que essa preferência é muito mais sentimental do que a referência do paladar, além do que não sou conhecedor do assunto, aprecio mais do que entendo.
O mundo atual atravessa uma situação dramática. Tanto na Economia como na Política. O radicalismo prejudica a possibilidade de entendimento e evolução. Como você vê estas questões?
- Vejo com muita preocupação. Temos a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a eterna questão do Oriente Médio, imigração em massa para a Europa, terrorismo de certos grupos islâmicos... Enfim, o desenrolar disso tudo é completamente imprevisível e preocupante.
Finalmente, quantos membros da família “Abbott Galvão” adotaram a Odontologia como profissão, poderia nominá-los?
- Quem iniciou tudo foi o meu avô, Solon de Miranda Galvão e dois dos seus cinco filhos o seguiram: Tio Clemente (Clemente Galvão Neto) e papai (Solon Galvão Filho). Dos filhos de Tio Clemente, só Roberto (Roberto Ferreira Galvão) abraçou a profissão.
Roberto, Lisete, Heloísa e Clemente.
Do lado do meu pai, foram dois que seguiram a Odontologia: Doris (Doris Abbott Galvão Rodrigues) e eu.
Na quarta geração são mais dois Dentistas: Flávia Abbott Galvão Silva, filha da minha irmã mais velha, Sylvia Coutinho Abbott Galvão, e Fábio Ferreira de Souza Abbott Galvão, meu filho mais velho. Portanto, são oito membros da família Galvão Cirurgiões Dentistas.
Dóris, Flávia, Solon e Mário.
Você teve um bom referencial na Odontologia em sua família. Mas, fora dela, quais são suas admirações?
- Eu mencionaria aqui alguns dos meus Professores, porém, não gostaria de fazê-lo de forma individual. Durante o curso tive a oportunidade de conviver com grandes mestres.
O Dicionário Odontomédico Inglês/Português foi a grande obra do seu pai. Qual o tempo que ele levou para concluí-lo e foram quantas edições?
- Realmente, a conclusão do Dicionário Odonto-Médico Inglês-Português foi um grande feito, principalmente por ter sido resultado do trabalho dedicado e obstinado de uma única pessoa durante 27 anos. Para se ter uma ideia do esforço empreendido nessa obra, os dados eram reunidos e digitados apenas nos fins de semana, pois durante a semana, com as atividades profissionais e afazeres cotidianos, não havia tempo.
Como você vê a importância de nossa Confraria da Amizade, que vai completar 20 anos de existência?
- A nossa Confraria nos proporciona ótimos momentos, não só pelo convívio amigável, como também pelos momentos culturais e gastronômicos. Acho esse tipo de grupo extremamente enriquecedor para os seus Confrades.
(Givaldo Soares, cirurgião-dentista)