A equipe de Fiscalização do CRO-RN interditou eticamente nesta quinta-feira, 2 de janeiro, o consultório da UBS (Unidade Básica de Saúde) do loteamento Esperança, em Macaíba.

O motivo da interdição foi por falta de biosseguranca, com a fiscalização constatando a presença de baratas mortas na sala, próximo ao gaveteiro que armazena instrumentais, além de lixeira sem pedal, pacotes de material esterilizados sem data e problemas na autoclave (aparelho de esterilização).

A equipe ainda encontrou uma caixa de gordura em frente à porta do consultório sem vedação adequada, favorecendo o aparecimento de insetos.

A sugestão da Fiscalização do CRO-RN foi à dedetização de todo o ambiente e armazenamento adequada dos instrumentais, revisão da autoclave, além de orientação quanto ao empacotamento correto dos instrumentais esterilizados e a vedação da caixa de gordura.

O Coordenador Municipal de Saúde Bucal de Macaíba, Sérgio Siqueira, tomou conhecimento da interdição pela enfermeira da UBS, Joice Aparecida, que estava na unidade na manhã desta quinta-feira durante a visita da Fiscalização do CRO-RN e recebeu a notificação 1486.

Segundo Siqueira, as providencias para sanar os problemas detectados pela Fiscalização do CRO-RN já estavam sendo tomadas para que no menor tempo possível o consultório possa ser desinterditado.

A situação da presença de insetos no consultório odontológico da UBS do Loteamento Esperança foi denunciada ao CRO-RN no dia 30 de dezembro pelo próprio cirurgião-dentista Geraldo Maximiano Freire Neto, que também usou suas redes sociais para mostrar a situação da UBS.

O presidente do CRO-RN, Gláucio de Morais e Silva, no dia 30 de dezembro, assim que tomou conhecimento da denúncia, como o Conselho estava de recesso, acionou a Comissão de Fiscalização para visitar a UBS do Loteamento Esperança após o feriado de 1 de janeiro.

Segundo relato de Geraldo, no dia 10 de dezembro, pela manhã, foi no Alecrim e comprou os venenos e armadilhas para ratos, e às 14h30, ele mesmo dedetizou “o posto”.

Para uma enfermeira da unidade, a questão toda foi a forma como ele procedeu, colocando veneno num dia (uma terça-feira) que todos estavam trabalhando, prejudicando o atendimento dos outros profissionais.

Geraldo trabalhou durante dois meses nessa UBS e antes atendeu na UBS Campinas, onde iniciou seu trabalho em julho de 2019, com contrato de três meses, que depois foi renovado por mais três meses, até 31 de dezembro.

O coordenador de Saúde Bucal de Macaíba explicou Geraldo foi transferido de UBS devido a problemas de relacionamento com colegas e da população. E que ele e outros profissionais são contratados temporiamente. Os contratos são de três em três meses porque o município vai fazer agora em 2020 o concurso público para contratação de cirurgiões-dentistas e auxiliares.

Atualmente a prefeitura tem contratos temporários 46 profissionais para a Estratégia Saúde da Família (sendo 23 CDs e 23 ASBs), além de sete CDs e cinco ASBs para o CEO (Centro de Especialidades Odontóligicas) e 10 CDs e quatro 4 ASBs para o Pronto Atendimento Odontológico.

De acordo com Siqueira, o contrato de Geraldo não foi renovado devido a problemas que ele teve de relacionamentos com colegas de equipes e com os usuários, além de chegar diversas vezes atrasado no serviço. Mas que os outros contratos dos outros profissionais de odontologia serão renovados.

“A não renovação do contrato deste cirurgião-dentista para 2020 não tem qualquer relação com a denúncia dele sobre as baratas. Ele mesmo dizia que o jeito dele trabalhar era assim”, explica o coordenador de Saúde Bucal de Macaíba, que em seguida mostra áudios de Geraldo criticando a Estratégia da Saúde da Família e o Sistema Único de Saúde.

“Enquanto eles quiserem (gestão), eu estou aqui em Macaíba, e quanto eles não quiserem, eu vou embora, entendeu? Deus me livre passar 10 anos num PSF. Eu não desejo uma praga desta para ninguém”, afirma Geraldo Maximiano num dos áudios.

O coordenador Municipal de Saúde Bucal  de Macaíba disse que a prefeitura já está selecionando outro profissional, uma dentista, para substituir Geraldo na UBS.

Membro da equipe de Fiscalização, o cirurgião-dentista e conselheiro do CRO-RN, Ruy de Bessa Medeiros, explica que a interdição ética não tem prazo determinado, que assim que a prefeitura atender as recomendações feitas na notificação, a Comissão de Fiscalização pode ser acionada para enviar uma equipe para visitar a unidade.

Segundo Medeiros, a equipe retornar a unidade e se tudo estiver de acordo com as recomendações, o consultório é desinterditado para voltar aos atendimentos dos usuários do Sistema Único de Sáude.

Ele explica que as denuncias para a Comissão de Fiscalização pode ser feitas sem identificação do profissional de odontologia, que no caso de Geraldo, o próprio denunciante se manifestou em redes sociais.