Ex-presidente do CRO-RN, Lenilson Carvalho completa 55 anos de formado
Completando 55 anos de formado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em dezembro agora, o filho de Luzia Silva de Carvalho e Pedro Izaias de Carvalho (ela de Canguaretama e ele de Pedro Avelino), o professor aposentado Lenilson Carvalho é uma personalidade conhecida na sociedade natalense, e “craque na arte de fazer amigos”, como lembra o seu amigo Givaldo Soares, cirurgião-dentista, idealizador deste espaço Remido no site do CRO-RN para homenagear os profissionais da odontologia potiguar que completam 70 anos.
Professor aposentado de Odontologia da UFRN, Lenilson Carvalho fez especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Radiologia, presidiu a Associação Brasileira de Odontologia, secção RN, e o Conselho Regional de Odontologia do RN (CRO-RN), quando em três gestões construiu a atual sede da autarquia no bairro de Petrópolis.
Nesta entrevista ao amigo e colega de profissão, Givaldo Soares, o doutor Lenilson, que tem a inscrição RN-CD-45 no Conselho Regional, conta um pouco de sua vida e trajetória profissional.
Como foi sua infância no bairro do Alecrim (Natal) e suas relações com a família?
Lenilson Carvalho– Nasci em casa dos meus pais em 19 de julho de 1940. Minha mãe foi assistida em sua residência pela competente enfermeira Maria Alice Fernandes, uma parteira tradicional na época.
Na minha infância, o bairro do Alecrim não tinha prédio. Gostávamos de olhar para o céu, principalmente à noite, quando as estrelas despontavam suavemente. Por falar em estrelas, a mais bela canção que fala sobre as mesmas é “Chão de Estrelas”, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, que tem um verso belíssimo “A porta do barraco era sem trinco / Mas a lua furando nosso zinco / Salpicava de estrelas nosso chão”.
Eu, meu irmão (Lenilton) e meus pais formávamos uma família de classe média num bom relacionamento de familiaridade.
Onde foi realizada a educação básica? E a escolha da Odontologia teve influência de alguém?
Lenilson- Concluí o curso primário no Ginásio Batista de Natal (1951), o ginasial no Ginásio 7 de setembro (1955) e o científico no Colégio Estadual Atheneu Norte-Rio-Grandense (1958). Não tive influencia na minha opção pela Odontologia. Fui aprovado no primeiro vestibular e conclui o curso em 1963. Durante o curso acadêmico, obtive o primeiro lugar nas primeiras e segundas séries (1960-1961), recebendo os diplomas e medalhas da empresa Dabi-Atlante.
Solenidade de colação de grau do curso de Odontologia da UFRN (1963) ao lado dos seus pais e do irmão Lenilton.
Você começou na Anatomia e depois foi para Prótese Bucomaxilofacial. Como foi essa mudança?
Lenilson- Durante o período das Ciências Básicas do Curso de Odontologia, obtive excelentes resultados na disciplina de Anatomia, inclusive com a nota dez, no exame final do semestre. A disciplina de Anatomia era dirigida pelo professor José Nunes Cabral de Carvalho, que me convidou para ser monitor. Esta convivência com o excelente mestre me proporcionou um grande embasamento para minha vida profissional. Após a conclusão do curso de Odontologia fiz concurso para auxiliar de ensino e assistente da disciplina de Anatomia. Nesse período também lecionei Anatomia no curso de Medicina do Centro de Ciências da Saúde (UFRN). Com a ida do professor Cabral para a direção do Museu de Antropologia Câmara Cascudo, transferi-me para a disciplina de Prótese e Traumatologia Bucomaxilofacial à convite do insigne professor Odilon de Amorim Garcia, meu grande amigo, incentivador e orientador na minha trajetória na Odontologia.
Professores que exerceram forte influência em sua vida profissional: José Nunes Cabral de Carvalho – Anatomia; e Odilon de Amorim Garcia – Cirurgia e Prótese Bucomaxilofacial.
Em 1969, você ainda muito jovem, foi eleito presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-RN), substituindo o professor Pedro Lopes Cardoso, responsável pela construção da nova sede. Poderia fazer um resumo de sua administração?
Lenilson – No ano de 1969, assumi a presidência da Associação Brasileira de Odontologia do RN e juntamente com valorosos colegas – Paulo Duarte, Clemente Galvão, Fernando Rezende, Clesito Fechine e Rosalvo Galvão realizamos uma eficiente administração voltada para as áreas técnico-científica e social da profissão. Promovemos jornadas, conferências, cursos, simpósios, seminários, painéis e reuniões sociais. Destaco na minha gestão a realização da Jornada Odontológica do Rio Grande do Norte.
Você dirigiu o Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte (CRO-RN) por seis anos, entre 1994 e 2000, sendo o responsável pela construção da nova sede. Como conseguiu tamanha proeza e quem o ajudou?
Lenilson- Dirigimos o Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte por três mandatos (1994-2000) e com um grupo de colegas realizamos uma administração eficiente e dinâmica. O nosso CRO-RN funcionava em uma residência antiga, que com o passar dos anos já não atendia às nossas necessidades de trabalho. Reformar não era a solução. Então, demolimos e construímos uma nova e moderna sede no mesmo local, que foi inaugurada em 31 de julho de 1998, com auditório, sala de presidência, salas para reuniões, secretaria, tesouraria, arquivo, recepção, etc. A construção da nova sede foi uma grande vitória para a nossa categoria. Vale registrar que tivemos uma consistente ajuda do Conselho Federal de Odontologia (CFO) em todas as fases da construção – nas presidências de João Hildo Furtado e Jacques Narcisse.
Sede do Conselho Regional de Odontologia inaugurada em 1998 e no exercício da presidência.
Você já lançou vários livros como Odontologia: Oficio e Literatura; Uma Viagem no Eclético e Pensamentos, Provérbios e Aforismos. Quando vai lançar seu próximo livro A História da Odontologia do Rio Grande do Norte?
Lenilson– Lancei os livros: Odontologia – Ofício e Literatura (2002); Uma Viagem no Eclético (2005); Pensamentos, Provérbios e Aforismos (2008); Humor e Curiosidades da Odontologia (2011) e Mosaico da Música Popular Brasileira (2016). O livro a História da Odontologia do Rio Grande do Norte já foi iniciado, mas ainda não tem data para o seu lançamento. Espero concluí-lo em breve.
Lançamento do Livro de sua autoria “Humor e Curiosidades da Odontologia”, em 2012, na Academia Norte-rio-grandense de Odontologia.
xiste uma fotografia histórica em Odontologia aonde você com o Dr. Clemente Galvão e Joaquim Guilherme receberam no aeroporto o dentista paulista Marcelo Augusto Galante. Fale um pouco desse grande cirurgião-dentista de renome na Odontologia nacional.
Lenilson– A 1ª Jornada da APCD no Nordeste (12 a 15 de julho de 1975), realizada aqui em Natal, trouxe 87 cirurgiões-dentistas paulistas e diversos colegas dos estados vizinhos. Na chegada da comitiva paulista ao Aeroporto Augusto Severo, Marcelo Galante foi carregado nos ombros por mim, Clemente Galvão e Joaquim Guilherme, numa demonstração de agradecimento ao colega paulista por tudo que ele fazia para a melhoria do nosso conhecimento técnico-científico. Ele recebeu da nossa categoria o título honorífico de Embaixador da Odontologia do Rio Grande do Norte em São Paulo. Galante foi o responsável pelo intercâmbio científico e cultural da odontologia paulista com a odontologia potiguar. Em 1958, pela primeira vez, ele veio participar em Caicó de um evento da odontologia. A partir daí virou nosso amigo. Galante foi muito atencioso, um verdadeiro amigo e irmão.
Lenilson, Clemente e Guilherme conduzindo Marcelo Galante, embaixador da nossa Odontologia em São Paulo.
A Odontologia passa por uma profunda modificação, que vai da Prótese Digital aos implantes e à Cerâmica Pura. Como você vê estes avanços tecnológicos?
Lenilson – Com o progresso das ciências médicas e da saúde pública, o cuidado dos pacientes é hoje tarefa de uma equipe completa, multidisciplinar. Assim, é indispensável o emprego atualizado das diversas tecnologias nas diferentes especialidades odontológicas. O objetivo visa o melhor atendimento da população que necessita dos nossos cuidados profissionais. Os cirurgiões-dentistas dedicam-se com substancial esforço ao seu aprimoramento técnico-científico.
Ao mesmo tempo, com o uso e abuso da internet, há uma guerra de promoções pessoais e de propaganda nem sempre ética. Como você vê esta questão?
Lenilson – A realidade atual exige profissionais competentes, em virtude do processo de transformação da nossa sociedade. É necessário que se use os meios de comunicação (as redes sociais) de uma maneira ética e com princípios morais, com o objetivo de se evitar conflitos. A atuação do cirurgião-dentista deve estar alicerçada no seu Código de Ética, onde estão os direitos e deveres do profissional.
Quais as lembranças que você guarda dos seus pais, dona Luzia Silva de Carvalho e do senhor Pedro Izaias de Carvalho?
Lenilson– Aprendendo a pensar por nós mesmos, direcionando-se na vida com firmeza de caráter ilibada conduta ética e harmonização nas relações de amizade.
Os pais Pedro Izaías de Carvalho e Luzia Silva de Carvalho.