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A Classe Odontológica do RN está de luto!

A Odontologia sofreu um duro golpe!
 
Faleceu o Dr. Fernando Dantas de Rezende, o amigo, o íntimo, o irmão.
 
Com ele desapareceu uma das mais importantes figuras da fase de ouro da Odontologia do Rio Grande do Norte.
 
Ele pertenceu a uma geração que não poupou esforços para trabalhar pela grandeza da profissão odontológica.
 
Por um dever de justiça, podemos citar: José Cavalcante de Melo; Odilon de Amorim Garcia; Clemente Galvão Neto; Sólon Galvão Filho; Pedro Lopes Cardoso Neto; Joaquim Guilherme e Alberto Moreira Campos.
 
De certo modo, eles tiveram participação na criação da Faculdade de Odontologia, do Conselho Regional de Odontologia e da Academia Norte-Rio-Grandense de Odontologia, além de serem responsáveis pelo intercâmbio da Odontologia do nosso Estado com a Odontologia de São Paulo, o que nos colocou em posição de destaque em todo o Nordeste.
 
Ele concluiu seu curso de Odontologia na 1ª turma, em 1951. Com espírito coletivo, ele reunia os colegas em sua residência para estudar. Não sendo fácil na época, adquiriu informações em livros didáticos, científicos, organizava as próprias apostilas e as distribuía aos seus colegas.
 
Assim era Fernando Rezende! Um gentleman, um exemplo de cidadão!
 
Em 1953, assumiu a Presidência da Associação Brasileira de Odontologia, Seção RN, fazendo uma boa gestão. Na sua administração, deu início às Semanas Odontológicas, depois exerceu a Secretaria da mesma instituição, durante 46 anos. Um raríssimo exemplo de dedicação!
 
Sonhava ser Engenheiro ou Militar e terminou Dentista: O Exército perdeu um comandante, mas a Odontologia ganhou um sábio.
 
Conheci Fernando Rezende quando cheguei a Natal para trabalhar em Prótese no Laboratório Galvão, em 1955. Nessa época, ele se dedicava ao Banco do Brasil, do qual foi alto funcionário.               
 
Na Odontologia, exerceu a Dentística e a Prótese, a qual exerceu por pouco tempo, pois o seu protético favorito, Nelson João Silva, ao terminar seu Curso de Odontologia, resolveu deixar a profissão de protético, então Rezende deixou de fazer Prótese e este gesto mostra sua grandeza.
 
Tinha uma grande admiração pelo Exército, pois foi ex-combatente,  mas o exercício da profissão para ele era um sacerdócio.
 
Aos sábados, na sede da Associação Brasileira de Odontologia, na Rua Felipe Camarão, reunia-se um grupo de Dentistas para um bom papo e uma cerveja gelada. 
Lá estavam sempre: Rezende; Paulo Duarte, Max Azevedo, Joaquim Guilherme, Eduardo Seabra, Lenilson Carvalho, Laerte Barros e o “escriba”, que vos fala. O tira gosto era feito pelo Professor Morelli, que caprichava bastante... 
Nesse momento, Rezende mostrava todo o seu equilíbrio, pois não passava de dois uísques, mantendo sempre a sobriedade.
 
Um drama em sua família: Seu pai, perseguido pela Revolução de 1930, foi obrigado a sair de Natal, foi morar em Fortaleza e depois no Rio de Janeiro. Na volta à nossa cidade, Rezende concluiu seu secundário e trabalhou na Base Aérea de Parnamirim, na época dos Americanos.
 
Era admirador da cultura americana, por sua eficiência e dedicação ao trabalho, e cultuava o cinema, um dos seus passatempos prediletos.
 
Um sonho não realizado: Ser professor. O DASP entendeu que ele não podia acumular, sendo também funcionário do Banco do Brasil. 
Este sonho ele realizou apenas uma vez, quando foi convidado para ministrar um curso de Dentística Restauradora na inauguração da Escola de Aperfeiçoamento Profissional, em 1979, juntamente com o Professor Danilo Damásio.
 
Fernando Dantas de Rezende, você foi um grande pai, um grande amigo e um grande cidadão!
 
Receba o reconhecimento de seus amigos e da classe odontológica
 
Givaldo Soares, cirurgião-dentista

Givaldo Soares