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As mãos e o Coronavírus (Covid-19)

- Bom dia, Pedro! Como tá a vida, tudo bem?

- Tudo bem, graças a Deus. Com saúde... o resto, a gente corre atrás!

Pois não é que, em tempos de pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), manter-se saudável ou recuperar-se da doença se tornou o maior desafio de toda humanidade.

Michelangelo, reproduziu no teto da Capela Sistina, em Roma, o momento da Criação do Homem. E Deus a fez pelas mãos. É pelas mãos Dele com o dedo estendido para a mão de Adão, que não se tocam – importante dizer, que o milagre do primeiro sopro de vida acontece.

Como no afresco da Criação do Homem, atualmente as mãos também são o centro das atenções na prevenção. Pelas mãos o vírus contamina, transmite e causa a doença.

E as medidas de prevenção e controle são simples e acompanham todos os profissionais da área de saúde desde que em 1846, o médico húngaro Ignaz Semmelweis, reportou a associação existente entre a lavagem de mãos em um hospital de Viena com a redução no número de mortes maternas por infecção puerperal.

A mão foi o primeiro prato de alimento e o primeiro copo de bebida. E selá no início atradição de apertar as mãos era um gesto para demonstrar a ausência de armas, também era um gesto explícito de paz.

Hoje recolhê-las dentro dos bolsos ou deixá-las imóveisé uma fantástica arma contra a propagação do vírus e igualmente é um gesto de paz que depende de todos nós.

O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade.

O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;

Jesus abençoava com as mãos;

Asmães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.

Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.

Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.

As mesmas mãos que servem para pedir, prometer, chamar, conceder, suplicar, acariciar, recursar, admirar, confessar, calcular, comandar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar ... como no célebre “Monólogo das Mãos”, de Giuseppe Ghiaroni (1919 - 2008).

E peço licença agora para acrescentar, que as mesmas mãos que causam a doença, podem também ser as mãos que previnem, que salvam...

É pelas mãos de todos os profissionais da área de saúde (odontologia, serviço social, biologia, biomedicina, educação física, fisioterapia e terapia ocupacional, enfermagem, farmácia, psicologia, fonoaudiologia, medicina, nutrição, e técnicos de radiologia, medicina veterinária) e da sociedade que acolheremos os doentes, recobraremos a saúde, daremos o conforto nas horas difíceis, encontraremos os remédios e a vacina para a doença e escreveremos cada vez mais sobre educação em saúde.  

Nessa hora, nós profissionais da área de saúde não nos esquecemos do juramento de Hipócrates, à época da nossa colação de grau, de “consagrar a minha vida ao serviço da humanidade; a saúde e o bem-estar serão minhas primeiras preocupações; exercerei a minha profissão com consciência e dignidade”e no dever ético de existirmos, “dirigir ações que visem satisfazer as necessidades de saúde da população e da defesa dos princípios das políticas públicas de saúde”. 

O coronavírus é uma doença nova e que a cada momento surgem novos conhecimentos, mas como profissionais de saúde de todo o mundo estamos aptos a aprender sobre a doença, a ensinar a população a se prevenir, a organizar os serviços e assistência de saúde, a orientar quem precisa, a acolher os doentes, e, quando chamados, a atuar na beira do leito ou ajudar como puder, como profissionais e como cidadãos.

Hoje é consenso que a higienização das mãos não é somente matéria básica dos cursos de saúde e obrigatório em consultórios, clínicas e hospitais. É lição de educação e cidadania observada por todos.

Os momentos difíceis, por mais duros que sejam, são para refletir e dar mais valor aquilo que tanto achamos que temos, mas por várias razões do dia-a-dia não damos a importância que merece a saúde geral. É um bem tão importante e protegido que está nas constituições dos países.

Dessa senhora, que a mitologia grega chamava de Higia, dependemos para trabalhar, para realizar sonhos, amar e ser amado e para viver o suficiente para encontrar o sentido da vida. 

E o que você, eu e todos nós podemos fazer para dar a nossa parcela de contribuição à humanidade no enfretamento da grave crise de saúde pública pela qual estamos passando? Podemos fazer muito! E a hora é agora!

 

Primeiro: fazendo a higienização das mãos constantemente.

Gestos simples que faz um bem imenso.

1.      Use água e sabão. Espume bem suas mãos, lave toda a superfície das mãos, dedos, unhas, se possível o punho e antebraço.

2.      Caso não seja possível lavar, use álcool em gel a 70%, passando por toda a superfície das mãos, como se estivesse lavando.

3.      Não coloque as mãos no rosto, na boca, no nariz, nos olhos.

Segundo: fazendo o distanciamento social.

pensarmos que cuidar de si é amar ao próximo, entenderemos um pouco do significado de saúde pública e coletiva. E são com as mãos, as nossas mãos juntas e à frente do corpo que cristãos de todo mundo pedem ajuda.

 E com a confiança na Ciência, esperança nos Homens e na lucidez dos governantes que desejo “saúde” aos amigos e a todos que possam ajudar.

                                                                                                                                Gustavo Emiliano

                                                                                                                                     CRO-RN 3375

Profissional de Saúde/Cirurgião-Dentista

                                                                                             Professor do Curso de Odontologia - UERN

 

(Imagens: Ipok.app -Notisul e IStock - Viva Bem)

Gustavo Emiliano

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