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Dentistas prestigiam a Festa dos 40 anos do CRO-RN

Dentistas prestigiam a Festa dos 40 anos do CRO-RN

Instalado em 30 de junho de 1967, o Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte (CRO-RN) realizou na última quarta-feira, dia 4 de julho, a festa de comemoração dos seus 40 anos, no Centro de Convenções de Natal, numa noite de gala da odontologia potiguar.

Cerca de 900 pessoas, entre dentistas, familiares e convidados, compareceram ao evento, que começou com a entrega de 40 Medalhas de Honra ao Mérito Odontológico Potiguar para ex-presidentes do CRO-RN, dentistas e personalidades do Estado e do Brasil que contribuíram para o desenvolvimento da Odontologia do Rio Grande do Norte ao longos desses 40 anos.

O presidente do CRO-RN, Eimar Lopes de Oliveira, abriu a solenidade entregando as medalhas a ex-presidentes do Conselho e a personalidades da sociedade do Estado e nacional, que nesses últimos 40 anos contribuíram para o desenvolvimento da odontologia no Rio Grande do Norte. Entre os ex-presidentes agraciados com a medalha estava o Dr. Clemente Galvão Neto, o primeiro a dirigir o CRO-RN e um dos fundadores da Faculdade de Odontologia, em 1947. O presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Miguel Nobre, e o superintendente Antônio Márcio Coimbra também receberam a homenagem.

Em seguida a entrega das medalhas, outras 10 pessoas que também prestaram seus serviços à odontologia do Estado receberam o troféu dos 40 anos do CRO-RN das mãos do presidente da FIO (Federação Interestadual de Odontologia) José Carrijo Brom.  A governadora Wilma de Faria e o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, representados na solenidade, respectivamente, pelo jornalista Aluísio Lacerda, presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado, e pela secretária Adjunta de Saúde do Município, Mariza Sandra de Souza Araújo, também foram homenageados pelo Conselho.

A secretária Executiva do CRO-RN, Elaine Marques, e os ex-assessores  da autarquia, José Alexandre Pereira Pinto (Jurídico) e Flávio Rezende (Imprensa) também receberam o troféu no formato do mapa do Rio Grande do Norte, assim como o vice-presidente do CFO, Ailton Diogo M. Rodrigues.

O CRO-RN fez ainda uma homenagem aos dentistas remidos de 2006 e 2007, entregando certificados. Ao atingirem 70 anos, estes profissionais se tornam remidos e são dispensados do pagamento da taxa anual do Conselho.

Depois da parte solene da festa, subiu ao palco o poeta paraíbano Jessier Quirino e sua banda para um show especial para os profissionais da área de odontologia e convidados. O espetáculo teve duração de 1h30min, com o poeta popular desfilando seus causos, cantorias e poesias.

Ao final do show, o poeta Jessier Quirino foi aplaudido de pé pelos presentes, que não cansaram de elogiar a qualidade do espetáculo. Para quem perdeu o show, a boa notícia é que Jessier vai estar de volta a Natal no mês de agosto para se apresentar no projeto Seis e Meia, da Fundação José Augusto, no Teatro Alberto Maranhão, em data ainda não definida.

No encerramento da solenidade, os presidentes do CRO-RN, Eimar Lopes, e o  do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Miguel Nobre, discursaram, .

A Festa dos 40 Anos do CRO-RN foi encerrada com um coquetel. A empresa Oral-B, parceira do Conselho, distribuiu kits com escova de dentes para os profissionais da odontologia. A Águia Eventos organizou a festa, que teve o apoio do CFO e do Banco do Brasil.

As fotos da festa podem ser acessadas pelo "menu" Álbum de Fotos localizado na página principal do site. 

O Programa  Viver Bem, da TV Ponta Negra, no domingo, dia 8 de julho, vai apresentar uma reportagem especial mostrando como foi a Festa dos 40 Anos do CRO-RN.

Apresentado e produzido pela jornalista Juliana Garcia, o Viver Bem é exibido aos domingos, a partir das 10h10min, pela TV Ponta Negra, afiliada do SBT.  

O discurso na integra de Eimar Lopes está publicado abaixo:

DISCURSO PARA A SOLENIDADE DOS 40 ANOS DO CRO-RN
 
“... Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.”
                                                                                          
                                                                         (William Shakespeare)
                                                                                                            
             Fazer o necessário é um conceito indiscutivelmente subjetivo e genérico, depende muito de qual prisma ele é observado. O que é estritamente necessário para uns, pode ser relativo para outros. Portanto, para mim, fazer o necessário passa, fundamentalmente pela questão ideológica; o domínio e a consciência de nossos ideais nos tornam capazes de planejar e executar o nosso projeto de trabalho.

         Quis Deus e o destino que sob as nossas mãos, o CRO-RN completasse seus 40 anos. Um adulto bem maduro, se analisarmos sob o ponto de vista humano, porém um recém nascido se avaliado historicamente. Quarenta anos de história, quatro décadas de muito aprendizado. Nasceu em um dos períodos mais tristes de nossa história política, quanto a isso não posso me queixar, pois eu também nasci nele. Talvez essa particularidade tenha nos aproximado. Vimos juntos, o País ser sacudido vergonhosamente pelo vendaval absolutista da tortura e da censura. Mas também assistimos triunfantes, ao restabelecimento da democracia e da liberdade nos horizontes do nosso Brasil. Assim resumo essa cronologia.

         Essa autarquia tem como função principal a fiscalização do exercício profissional e a defesa da ética. Porém com o avançar do tempo e o advir do progresso, tem sido forçado a sair de suas funções e ocupar espaços. Espaços esses criados pelo desenvolvimento do mundo globalizado, e pela ineficiência de entidades outras, que optaram pela ignorância dos fatos e pela insistência no “olhar para dentro”. Hoje é impossível se pensar no Conselho apenas como sua função precípua, pois ele atendeu prontamente o clamor da classe e logo se adequou às novas realidades. Nesses 40 anos a Odontologia no Brasil percorreu um caminho que merece ser descrito. De um lado, a tecnologia, que qualificou e despontou como força maior do seu reconhecimento em níveis jamais imaginados. Técnicas de ponta, profissionais de primeira linha e equipamentos cada vez mais modernos, muito embora quilometricamente distantes da realidade de nossa população. Esse fator colocou, sem sombra de dúvidas, a profissão no topo da pirâmide. Porém do outro lado, surge o grande problema. Primeiro uma ausência total de políticas públicas de saúde bucal, associada a uma carência devastadora da população Brasileira no que tange ao acesso aos serviços de saúde. Depois, com o advento do neoliberalismo mundial, a banalização da Educação e consequentemente a implantação de uma verdadeira cultura de criação de novos cursos superiores, transformando o acesso ao terceiro grau, em um grande e privado sistema. Não resolveu o problema do acesso à Universidade porque cerca de 70% das Faculdades de Odontologia criadas no Brasil nos últimos anos foi da iniciativa privada, o que limita aos mais abastados. Também não resolveu o problema da saúde bucal da População, pois este, nunca esteve ligado à quantidade de Profissionais, e sim a uma política correta e eficiente que fizesse a ponte entre o grande exército de reserva de Cirurgiões-Dentistas formados e o Povo necessitado. Assim se torna imprescindível repetir a sábia frase do nosso Presidente do CFO, quando diz que nesse Governo, estamos tendo a oportunidade de vivenciarmos o Brasil da primeira vez. O primeiro diagnóstico epidemiológico (SB Brasil), a inclusão da Odontologia no PSF, o primeiro programa de saúde bucal em toda história (o Brasil Sorridente), entre outros. Com isso as estatísticas já mostram que a realidade da saúde bucal da população Brasileira, começa a dar sinal de avanço, levando consigo uma maior abertura no campo de trabalho para o CD e consequentemente uma valorização profissional. É óbvio que ainda há muito a fazer, os salários continuam vergonhosos, os planos de saúde insistem em fazer comércio e banalizar o exercício de nossa profissão, os políticos também ainda não entenderam que saúde não pode e nem deve ser trocada por voto, e finalmente apesar de 40 anos de história ainda não conseguimos mostrar para a população, qual é o nosso verdadeiro papel. Porém entendo perfeitamente que o momento é de plantar, os frutos só virão depois. A história mostra que as mudanças são gradativas, elas precisam ser amadurecidas, pois se trata de quebra de paradigma, e como tal, não há como ser de imediato. Portanto a paciência será nosso maior desafio. É também preciso que a categoria acorde para fazer a sua parte, cada um tem que ser mais um, e não ele só. Entidade sozinha não muda sociedade e nem muito menos governo, não nos iludamos, as mudanças passam pela política, e a nossa participação consciente é fundamental.

         Não posso deixar de registrar a minha vergonha e indignação com o que tem sido feito com a ética em nosso País. Os três poderes constituídos, que sustentam o regime democrático, estão corrompidos. O supremo tribunal, com seu status de corte, sucumbe diante da fraqueza moral de um de seus membros. O legislativo nos envergonha a cada dia, aparecendo em todos os tipos de investigação criminosa, sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, crime organizado, enfim, um conjunto de erros que nos induzem a pensar que o certo é fazer errado. E o pior é vê-los na televisão justificando o injustificável, chegando ao cúmulo de vender uma “bezerra” por trezentos mil reais. O executivo por sua vez, não tem conseguido manter a sua dignidade, quando também aparece nos famigerados escândalos alardeados de ponta a ponta pela imprensa Nacional. Enquanto isso, um verdadeiro poder paralelo se organiza cada vez mais no Brasil, a violência toma rumos insustentáveis, todo dia aparece uma modalidade diferente e cruel, o povo que lutou tanto por liberdade, hoje já se acostumou a viver preso; enquanto os bandidos andam soltos. Esse quadro nos leva a uma profunda reflexão, causa revolta, nos deixa perplexos. A nós; sociedade, povo, nação; cabem dois princípios fundamentais. O primeiro, não perdermos a capacidade de nos indignar, e lutar sempre. O segundo, é termos a consciência de que a mudança está sob as nossas mãos, sabendo que, por mais defeitos que tenha, a democracia ainda é um caminho viável. Portanto em tese significa não perder a esperança jamais.

         Aproveito a oportunidade para fazer uma breve prestação de contas, ao aproximar-se o primeiro aniversário de nosso mandato. Faço neste momento o lançamento oficial de dois projetos: o primeiro protocolo de procedimentos (o de Endodontia), cujo autor é o Secretário Geral do CRO-RN, o Professor Dr. Marcílio Dias Chaves de Oliveira. E o Manual do Paciente Odontológico, cujo objetivo é orientar a população sobre como procurar o atendimento e quais as normas que regem a profissão, este realizado pelo colega conselheiro Rômulo Dias de Oliveira. Três jornadas científicas no interior do Estado, uma em Pau dos Ferros, outra em João Câmara e outra em São José de Mipibu, cuja demanda prioriza o SUS. Participação efetiva na semana do Dentista 2006; luta em conjunto com o Sindicato para a implantação do Plano de Carreira dos funcionários Estaduais e Municipais; planejamento estratégico com os Funcionários e Conselheiros, ministrado pelo gerente executivo do CRO-ES; ampliação da participação das profissões auxiliares, através de parceria com a APDERN; intensificação no processo de fiscalização, principalmente no combate mais ostensivo às propagandas irregulares; várias visitas ao município de Mossoró, atuando tanto na fiscalização como na mediação de alguns problemas dos servidores municipais com a gestão; apresentação da história da Odontologia do Rio Grande do Norte em teatro de bonecos (mamulengos), desenvolvida pelo Professor Givaldo Soares, como forma de resgatar a cultura nordestina incluindo nossa Profissão; apresentação de peça teatral já na comemoração dos 40 anos, onde duas das atrizes são CD; realização do troféu imprensa, premiando a melhor matéria sobre saúde bucal; primeiro fórum das terapias complementares; participação de vários Conselheiros em eventos no Estado e fora dele, aumentando o leque de relacionamento com outros Conselhos e com o CFO; criação do site oficial do CRO-RN; reformulação da assessoria de imprensa possibilitando uma grande ampliação do espaço da Odontologia do RN na mídia; criação do protocolo próprio de fiscalização do serviço público e privado (em conclusão); dentre outros. Sabemos de nossas limitações e somos conscientes de que não mudaremos o mundo em uma noite, mas carregamos conosco, debaixo do peito, a poesia de Bertolt Brecht: Os que lutam, “Há aqueles que lutam um dia; e por isso são bons; há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são imprescindíveis”.

         Um grande e saudoso astro da MPB, chamado Gonzaguinha, certa vez escreveu assim: “Um homem também chora, menina morena, também deseja colo, palavras amenas, precisa de carinho, precisa de ternura, precisa de um abraço da própria candura. Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis, guerreiros são meninos, no fundo do peito, precisam de um descanso, precisam de um remanso, precisam de um sonho, que os torne perfeito...”. Dedico este poema a todos os homenageados desta noite, aos “meninos” remidos, aos guerreiros Dentistas e aos Homens colaboradores da Odontologia do Rio Grande do Norte. A vocês eu reverencio em nome de toda a categoria, o que somos hoje, nada mais é do que frutos da semente que plantaram no passado. Obrigado meus guerreiros e que Deus vos retribua pela eterna luta.

         Aos Funcionários do CRO-RN, exemplos de dedicação e de luta, o meu mais sincero agradecimento. As flores também são suas. Não há comando sem comandado, não há direito sem dever e não há sucesso sem união e cumplicidade. E vocês têm mostrado durante todo esse tempo que vale a pena ser amigo, que por mais duro que seja o sistema, uma palavra de carinho pode amaciar o coração de alguém, e todos nós dessa gestão, admiramos muito vocês. Saibam que o nosso sucesso é coletivo, jamais individual. É importante lembrar que quando alguém quer nos bater, bate primeiro em vocês, é como se fossem uma espécie de blindagem. Por isso nós lhes agradecemos. Nós nos solidarizamos com suas dores porque elas são nossas também. Porem na hora dos “louros” da vitória, nas comemorações, temos o dever de dividi-los com vocês. Portanto parabéns pelos 40 anos do CRO-RN, e obrigado pela colaboração em prol do engrandecimento da Odontologia desse Estado.

         Aos meus inseparáveis companheiros de Diretoria, resumirei tudo num gesto de carinho: Um sincero e caloroso abraço em cada um de vocês, a amizade, a lealdade e a disponibilidade têm sido a base fundamental de nosso trabalho, peço ao nosso grande Deus, de infinita bondade, que continue a nos iluminar para que, como disse certa vez Pasteur: “... Ao aproximar-se o grande fim, cada um de nós possa dizer: fiz o que pude”. Àqueles que mesmo não sendo da diretoria, têm colaborado de maneira nobre e gratuita para o sucesso de nossa gestão. Sintam-se homenageados, pois como já disse em outras ocasiões, o CRO-RN agora é de todos nós. Finalmente a todos os Colegas e as Colegas que compõem a Profissão Odontológica desse Estado, nossos parabéns, muito obrigado e a certeza de que a luta continua. Agradecimento particular a toda minha família, minha Mãe, meu Irmão, minha Esposa e meus dois Filhos, pela compreensão, pela companhia, pelo apoio de todas as horas e principalmente pela paciência. A todos os amigos de verdade, obrigado por me suportar. Dedico este momento de triunfo ao meu saudoso Pai, homem honesto, decidido, amigo, dedicado, austero, nascido e criado no interior, mas que teve uma visão fantástica de mundo, fazendo de mim o que hoje sou. A você meu Pai, eu digo agora: VALEU.

         Concluo agradecendo a Deus pela minha vida, e rogo a ele para fortalecer a minha luta. Acredito que ainda há um longo caminho a seguir, espero que não desanime com o cansaço, pois se assim o fizer, terei que buscar forças nos versos do grande Poeta que se apresentará daqui a pouco, Jessier Quirino, quando disse: “... e quando eu tiver cansado da jornada do batente, terei uma cama patente, daquela do selo azul, num quarto calmo e seguro, onde lá descansarei, lá sou amigo do rei; lá, tem muito mais futuro, vou-me embora pro passado”.

  Natal-RN, 04 de Julho de 2007

    Eimar Lopes de Oliveira

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