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Alerta: uso de bisfosfonatos deve ser monitorado em tratamentos odontológicos

Os bisfosfonatos (BF) são os medicamentos mais utilizados em alterações do cálcio e do metabolismo ósseo de muitas situações clínicas, tais como câncer de mama, de próstata com metátese óssea, no mieloma múltiplo e na osteoporose, no excesso de cálcio no sangue (hipercalcemia maligna), e doença de Paget – doença no osso, considerada benigna, considerando que em todas estas doenças, reconhecidamente, causam reabsorção óssea.

A terapia medicamentosa com o BF se constitui numa fonte de preocupação para os cirurgiões-dentistas e médicos, após relatos de vários casos de necrose do tecido ósseo com a diminuição de sua vascularização - a osteonecrose, devido ao uso de bifosfonatos (OMB).

A osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bifosfonato, segundo a American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS), é uma doença que se caracteriza por uma área de exposição óssea na maxila ou na mandíbula que não se repara em oito semanas e acomete pacientes que estejam recebendo ou que receberam BF sistemicamente e não sofreram irradiação no complexo maxilomandibular.

A ocorrência de osteonecrose dos maxilares tem sido atribuída principalmente pelo uso intravenoso de substâncias como pamidronato e zolendronato, podendo também ocorrer com as apresentações utilizadas por via oral, como alendronato e risendronato.

A literatura cita alguns fatores que podem predispor ao desenvolvimento de OMB como tipo, via de administração e tempo de uso do BF, administração ao mesmo tempo com outros fármacos, principalmente corticosteróides, quimioterápicos, hormônio feminino como estrógeno, associados à realização de procedimentos cruentos (que envolvam sangue).

A remoção cirúrgica de um elemento dentário (exodontia) tem sido relatada como o principal fator inicial e um dos fatores de risco mais comuns da OMB entre pacientes que receberam BF representam cerca de 86% dos casos e o risco relativo de desenvolver (OMB) nesses pacientes é 5,3-53 vezes maior do que em pacientes que fazem uso de BF e não se submetem a procedimentos exodônticos.

A associação entre a exposição à BF e a incidência de osteonecrose da mandíbula  tem sido encontrado em vários relatos de caso, revisões, estudos epidemiológicos e ensaios clínicos que relataram uma prevalência de osteonecrose dos maxilares, variando de 0,7% a 18,6% para medicamentos de uso intravenoso 0,01% para 4,3% em administrações orais.

É importante que o Cirurgião-Dentista realize anamnese criteriosa em consonância com o profissional médico, buscando informações detalhadas sobre a saúde do paciente, investigando o uso de BF. Caso o paciente esteja fazendo uso deste medicamento, ele deverá ser monitorado quanto à higiene bucal. Deve haver consenso entre o CD, o paciente que vai se submeter ao tratamento com BF e o médico no sentido de realizar o tratamento odontológico objetivando preventivamente debelar focos de infecções residuais, realizar exames intra/extra orais e radiográfico completo, tratamento periodontal e possíveis exodontias antes do inicio da terapia com biofosfonatos.

A OMB é uma doença nova, não há um protocolo terapêutico baseado em evidências, portanto a prevenção bem como o alerta aos profissionais envolvidos são atitudes importantes que não podem ser negligenciadas.

Sugestões de consulta:

YAMAZAK T, et al Increased incidence of osteonecrosis of the jaw after tooth extraction in patients treated with bisphosphonates: a cohort study. International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery. 2012, pp.1397–1403;

GIGGLER A. et al. Bisphosphonates and maxillary osteonecrosis: literature review and two case reports. Revista Brasileira de Cancerologia 2006; pp. 25-3.

Por Gláucio Morais e Silva – CD

Gláucio Morais e Silva – CD e presidente do CRO-RN

Gláucio Morais e Silva – CD e presidente do CRO-RN